Um novo ano ERASMUS que começa



 Publicado em: O Gaiense, 11 de Setembro de 2010

Foi apresentado no Parlamento Europeu um interessante estudo sobre o programa Erasmus e a forma de melhorar a participação dos estudantes. Desde 1987, o programa apoiou a mobilidade de 2,2 milhões de estudantes e de 250 000 profissionais universitários. Actualmente, mais de 180 000 estudantes por ano fazem parte dos seus cursos noutros países. Os números são elevados, mas correspondem a uma ínfima percentagem dos estudantes que estariam em condições de beneficiar destas bolsas. Quais são os principais factores que bloqueiam a participação? 
Segundo o estudo, os estudantes Erasmus são oriundos maioritariamente dos grupos socio-económicos mais favorecidos, das Universidades mais tradicionais e das capitais ou outras cidades de maior dimensão. Os constrangimentos financeiros são os principais, estimando-se que 1 a 1,5 milhões de estudantes não tenha participado por esse motivo. A maioria considera que estudar no estrangeiro é demasiado caro e muitos desistem quando verificam que a bolsa é insuficiente para cobrir os custos de estadia no país de destino. E não é só a falta de disponibilidade financeira que pesa na decisão dos estudantes de famílias com orçamentos menos folgados, é também a percepção de que os benefícios previsíveis não justificariam o custo, cujo montante é difícil de prever com rigor ou, em casos eles conhecem, se revelou superior às estimativas. Acresce ainda alguma incerteza sobre a data em que serão disponibilizados os valores das bolsas, sendo que a data em que há que pagar viagens, alojamento ou refeições não tem qualquer flexibilidade. O aumento das bolsas e uma política de adiantamentos poderiam resolver isto.

O segundo factor negativo é a dificuldade que por vezes existe em obter, na sua Universidade, o reconhecimento dos créditos obtidos no semestre no estrangeiro, assunto que deveria estar regulado à partida pelo acordo entre instituições. Na ausência de reconhecimento, o curso no país de origem acaba por se prolongar por mais um semestre. Se os professores circularem igualmente entre as universidades envolvidas no programa, a solução deste problema tenderá certamente a facilitar-se.


 

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