Depois da Tunísia, o Egipto






[ Manif de egípcios em Bruxelas de apoio à revolução ]

Publicado em: O Gaiense, 29 de Janeiro de 2011
A revolta popular na Tunísia continua a inspirar os povos da região, igualmente submetidos a regimes opressivos e corruptos. No Egipto, um país que vive num “estado de emergência” contínuo há três décadas, onde a prisão e tortura de opositores é prática corrente, o povo contesta na rua o regime do Partido Nacional Democrático do presidente Hosni Mubarak.
Estes movimentos populares estão a gerar uma enorme incomodidade nos meios políticos do ocidente, nomeadamente na UE, onde aqueles regimes têm sido tratados como bons parceiros. O Acordo de Associação UE-Egipto afirma-se “baseado no respeito pelos princípios democráticos e nos direitos humanos fundamentais expressos na Declaração Universal”. Algo difícil de engolir por quem hoje está na rua em luta precisamente por esses valores e é fortemente reprimido pelo governo.
No campo partidário não estamos melhor: tanto o ditador tunisino Ben Ali e o seu partido RCD, como o egípcio Mubarak e o seu PND são, há muito, membros da Internacional Socialista. O partido de Ben Ali foi expulso da IS só depois de este ter sido expulso do país. O partido de Mubarak mantém a sua qualidade de membro daquela organização, em cujo site não se consegue encontrar uma palavra de solidariedade com o povo em luta. Que valores definem afinal a realpolitik internacional?

Nota: Já depois de escrito e publicado este artigo, a Internacional Socialista, em carta datada de 31 de Janeiro, assinada pelo Secretário Geral Luis Ayala, informa o partido de Mubarak PND que, a partir desse dia, cessa a sua qualidade de membro da IS.

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