Uma simples história de moral e proveito
Num dia distante, num país não tão distante assim, uns trabalhadores e outros desvalidos da sorte, reclamaram por melhor distribuição da riqueza.
Os que a tinham em desmesura, e uns quantos sábios avençados pelos mesmos, explicaram-lhes, com uma lógica irrefutável, que não se podia distribuir riqueza sem antes a produzir. Antes da distribuição, havia pois que dedicar-se à produção da dita.
Eles acreditaram, ou obrigaram-nos a fingir que acreditavam, e foram produzir, produzir, produzir, sempre mais riqueza. Depois disseram: já produzimos, vamos agora à distribuição.
Mas a resposta que tiveram foi a mesma que tinham tido antes: que não se podia ainda distribuir, havia antes que produzir, pois não se pode distribuir a riqueza que não se produziu.
E continuaram pois a produzir, rosnando baixinho e sonhando que um dia, talvez, venham a conseguir obrigá-los a uma distribuição com uma réstia de justiça.
Os mais desconfiados lembraram-se de um letreiro que havia na tasca da sua terra, que dizia: “Hoje não há fiado, só amanhã” e de como o tasqueiro lhes apontava o imóvel letreiro em todos os amanhãs em que o pedido de fiado se negava hoje.
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