Publicado em: O Gaiense, 19 de Julho de 2008
Em 2001, o G8 reuniu em Génova. Como sempre acontece quando os mais poderosos do planeta se juntam para definir as suas prioridades, organizaram-se, de forma legal, enormes manifestações reunindo as mais variadas causas, de todos os sectores que têm razões de queixa da forma como aqueles 8 governam o mundo.
O governo e a polícia de Itália desencadearam, à margem da lei, uma violentíssima acção de ataque a todas as organizações envolvidas na manifestação. Agora, a justiça italiana acaba de condenar 15 responsáveis das forças da "ordem" a penas de prisão. No total, os acusados eram 45, mas 30 foram, para já, absolvidos. No entanto, devido aos recursos que vão ser apresentados, ainda não é claro o desfecho do processo.
Quando recebi esta notícia, o meu pensamento dirigiu-se inteiro para Haidi Giuliani, a mãe do jovem Carlo, de 23 anos, que em Génova foi alvejado com um tiro na cara disparado a menos de dois metros e, depois de caído no chão, atropelado duas vezes por um jipe da polícia, acabando por morrer. Mas os assassinos foram protegidos por juízes cúmplices e nem sequer chegaram a julgamento. Haidi é uma mulher de estatura pequena e espírito elevado. Conheci-a em Atenas, onde partilhámos a mesa de uma conferência no Fórum Social Europeu. A impressão com que fiquei desse convívio, foi de que ela nos passou a considerar, a todos os que partilhamos as causas do seu Carlo, como filhos adoptivos. Haidi perdeu um filho da maneira mais cruel, e assumiu então como sua a enorme família dos que lutam por um mundo mais justo. O tribunal de Génova trouxe-lhe agora uma boa notícia, mas não ainda aquela que ela esperava.
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