Indecisões e adiamentos na guerra das estradas


Crash II by ~inta on deviantART


Publicado em: O Gaiense em 29 de Agosto de 2009

Há um inovador sistema de alerta de acidentes que se previa que fosse integrado em todos os automóveis novos até ao fim deste ano. Trata-se do e-Call, um pequeno aparelho que, em caso de acidente, contacta automaticamente o centro de emergência mais próximo, dando a exacta localização do acidente, esteja a viatura onde estiver em qualquer país da UE ou outro país europeu aderente ao sistema de emergência E112, uma versão do número de socorro 112 que inclui a localização automática.

Quando se viaja no estrangeiro, isto pode ser particularmente útil, não só porque ultrapassa a barreira da língua no pedido de socorro, mas também porque muitas vezes não sabemos descrever exactamente a nossa localização num país desconhecido, ou apenas longe de casa, sobretudo no estado de perturbação que se segue a um acidente.
O pequeno aparelho custa cerca de 100 euros e não parece que quem dá uns milhares de euros por um carro novo, deixe de o comprar por custar mais 100 euros, sobretudo sabendo que é em seu benefício directo.

Portugal aderiu ao sistema há quase dois anos. Apesar de a maioria dos Estados-Membros já ter aderido, há ainda enormes atrasos. O que levou a indústria a adiar a introdução do aparelho. A meta do fim de 2009 para entrada em funcionamento do sistema foi abandonada. Agora, a Comissão pondera passar dos apelos voluntários à imposição legal.

Na UE temos 39 000 mortos e 1,7 milhões de feridos por ano na guerra das estradas, o que deixa a léguas o número de europeus mortos e feridos no Iraque e no Afeganistão. O adiamento da instalação do e-Call não tem justificação. É, literalmente, um caso de vida ou de morte e como tal deveria ter sido tratado por todos os governos e pelas indústrias automóvel e de comunicações. Mas não foi.

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