Publicado em: O Gaiense, 19 de Março de 2011
No próximo dia 26 de Março faz 40 anos que entrou em funcionamento o primeiro reactor da central de Fukushima. A empresa TEPCO, proprietária da central, queixa-se que “a concorrência entre fornecedores de energia se intensificou desde a liberalização do mercado de electricidade” no Japão, aumentando as dificuldades que já tinham tido quando foram colocados fora de serviço todos os reactores da sua central de Kashiwazaki-Kariwa, na sequência do tremor de terra de 2007.
O terramoto e o tsunami são catástrofes naturais. Mas o desastre nuclear que daí resultou é uma catástrofe política, que resulta da opção por uma indústria de produção de energia cujos riscos todos sabem que ninguém sabe como controlar verdadeiramente.
Os lóbis nucleares europeus agitam-se. A opinião pública que, em muitos países, tinha sido conquistada ou, pelo menos, neutralizada face à opção nuclear, começa a duvidar das garantias de segurança que lhe tinham vendido as campanhas políticas da indústria nuclear. Com Chernobyl, os europeus assustaram-se, mas foi-lhes explicado que o nível de exigência técnica da ex-URSS deixava muito a desejar. Agora que o acidente ocorre num país tecnologicamente tão ou mais avançado do que a Europa, num país que definiu na sua “Nova Estratégia de Crescimento” o objectivo de exercer uma liderança internacional nesta matéria, os argumentos começam a faltar.
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