Publicado em: O Gaiense, 14 de Maio de 2011
O Comissário Olli Rehn disse-nos em Estrasburgo que os 52 mil milhões que a UE vai colocar em Portugal estarão sujeitos a um juro entre 5,5 e 6%. É o preço da ajuda, e é para amigos.
Sugiro ao leitor que tente ver quanto lhe pode render uma aplicação num qualquer banco, em prazos semelhantes aos do empréstimo a Portugal. E que o faça sem qualquer espírito de ajuda ao banco, que não é certamente seu amigo. Consulte, negoceie duramente, tente obter a melhor Taxa Anual Efectiva Líquida. Estou certo de que ninguém lhe paga pelo seu dinheiro tanto quanto o nosso país irá pagar por esta "ajuda" – na verdade um negócio leonino que nos deixa ainda mais endividados, já que a nossa economia não aguenta juros destes.
Mas, pagarmos à UE uma taxa mais alta do que ao FMI, não tem apenas um efeito lesivo da nossa economia. Constitui, em termos simbólicos, o mais profundo golpe na credibilidade da UE junto do povo português. Durante muitos anos, não vai haver acção de marketing e comunicação que consiga apagar da nossa memória colectiva esta impressão de que a UE é pior do que o FMI. O FMI tem a fama mundial que todos conhecem. Colocar-se abaixo do FMI no coração de um povo é um feito memorável, só possível numa União Europeia que de europeia tem cada vez menos e união é coisa que, neste momento, absolutamente não é.
Depois de a França ter posto em causa o acordo de Schengen na sua fronteira com a Itália, vem agora a Dinamarca anunciar a decisão de restabelecer os controlos permanentes nas suas fronteiras, violando a liberdade de circulação que os europeus tanto apreciam.
A direita conservadora e liberal que governa a UE está a destruir o projecto europeu.
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