Publicado em: O Gaiense, 28 de Maio de 2011
Uma das vantagens de fazermos estas eleições com o programa da troika em cima da mesa é que, desta vez, ninguém se pode queixar de que foi enganado, que lhe prometeram não aumentar impostos e criar empregos e depois o que lhe saiu foi o aumento dos impostos e do desemprego. Honra seja feita à troika, as medidas drásticas estão escritas e as previsões de aumento do desemprego e de recessão económica já foram apresentadas. Agora, a escolha é nossa.
Permitam-me lembrar um caso do passado. Hoje, todos lamentam a situação da agricultura e das pescas. Era inevitável, em resultado da nossa integração europeia? Não era. Basta olharmos para a agricultura noutros países, basta olharmos para a pujança do sector pesqueiro na Galiza, que entrou na UE ao mesmo tempo que nós, sujeita às mesmas leis, para percebermos que a destruição do nosso mundo rural e piscatório foi uma opção política nacional. Ainda me lembro dos debates eleitorais realizados sobre a matéria há mais de vinte anos, dos avisos e das propostas alternativas. A desgraçada situação actual é fruto das escolhas então feitas pelos eleitores. Ironicamente, os próprios agricultores e pescadores votaram massivamente nas políticas que destruíram a sua actividade.
Daqui a uns anos, se olharmos para a nossa economia e ela estiver no estado em que estão hoje a agricultura e as pescas, talvez muitos lamentem com amargura terem dado, no longínquo ano de 2011, o seu aval maioritário para que isso fosse possível.
É verdade que são os políticos que propõem as alternativas, mas são os eleitores que escolhem; são eles, em última instância, os responsáveis pelo que acontecer ao nosso país. Ser eleitor é um ofício exigente e a forma como o exercemos tem sempre muito sérias consequências.
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