Publicado em: O Gaiense, 19 de Maio de 2012
No âmbito
das comemorações dos 10 anos da fundação da república de Timor Leste, as
televisões relembraram aquele momento heróico em que o povo timorense foi às
urnas afirmar a sua vontade de independência num ambiente terrível de ameaças e
pressões. E pagou muito caro a expressão da sua vontade livre e soberana: o
poder ocupante, batido nas urnas, deixou Timor em ruínas.
No próximo
dia 17 de Junho, o povo grego vai também às urnas num clima extremo de
chantagem e intimidação: mil vozes se levantam a ameaçar que, se o seu voto não
for de submissão aos planos da troika, a Grécia só pode esperar a destruição da
sua economia e a expulsão da zona euro.
Dizem que
se os gregos votarem outra vez na Syriza é porque são contra a Europa e querem
sair do euro, quando todos sabem que esta força de esquerda (que ficou em
segundo lugar nas eleições de 6 de Maio e a quem sondagens recentes davam o
primeiro lugar) nunca defendeu a saída do euro, nem da União Europeia. Dizem
aos gregos que, se mantiverem o voto contra os partidos da troika, o que vem a
seguir só pode ser o caos.
Face a
esta vergonhosa chantagem, como irão reagir os gregos? Como os timorenses, que
não se deixaram intimidar, não venderam a sua consciência nem o seu voto e hoje
vivem numa pátria livre e independente? Ou o medo vai conseguir conquistar um
número suficiente de eleitores para que os agentes da submissão desta vez
consigam formar governo?
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