Publicado em: O Gaiense, 5 de Janeiro de 2013
2012 foi um ano excelente em Portugal. O país esteve no top da Europa. Os bancos e investidores que especularam com a dívida pública portuguesa obtiveram uma rendibilidade de 57%, a mais alta da Europa, um negócio fabuloso. Quem investiu na dívida irlandesa, o segundo melhor negócio a seguir a Portugal, só ganhou 29,3%, quase metade. Mas toda a Europa esteve geralmente bem: 2012 foi o melhor ano de sempre para quem investe nas dívidas soberanas europeias, segundo dados da Bloomberg.
Este é o lado dos que receberam. Se olharmos para o mesmo fenómeno pelo lado dos que pagaram, do lado dos que foram espoliados de parte dos seus magros orçamentos familiares para permitir essa rendibilidade de 57% ao ano aos especuladores, podemos dizer que 2012 foi um ano horrível, o pior de que há memória desde a implantação da democracia.
Como facilmente se imagina, o nosso dinheiro não desapareceu, apenas mudou de mãos. O que falta nas casas dos portugueses é o que está a encher os cofres dos magnatas dos chamados mercados financeiros. Aos braços dos quais o governa aspira que possamos regressar alegremente em 2013. É verdade que os mercados financeiros gostam de países como o nosso, que pagam o que lhe mandam pagar e cumprem as ordens que recebem.
Se assim continuarmos, 2013 não será certamente um ano novo, será apenas uma triste continuação do triste ano que acabou. Mas também pode acontecer o contrário, podem os portugueses querer levar a sério o ditado “ano novo, vida nova”, podem querer mudar de vida, mandar às urtigas quem hoje nos desgoverna e deixar de ser os submissos contribuintes da rendibilidade de 57% dos mercados financeiros. Então, pode ser que 2013 seja verdadeiramente um ano novo.
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