Publicado em: O Gaiense, 15 de Dezembro de 2012
Esta semana, o Parlamento Europeu rejeitou uma proposta da Comissão que visava uma maior liberalização dos serviços aeroportuários de assistência em escala (handling). Este é um sector apetecível, cujas receitas ascendem a cerca de 50 mil milhões de euros e que emprega mais de 60 mil pessoas na Europa.
Em frente ao Parlamento, milhares de trabalhadores dos aeroportos exigiram aos deputados que não aprovassem a proposta que, no seu entender, não só prejudica as suas condições de trabalho, como ameaça a segurança dos passageiros. Várias autoridades aeroportuárias consideraram também que a proposta de introdução de mais empresas em atividade simultânea e concorrencial nos aeroportos iria afectar a regulação dos padrões de segurança e gerar instabilidade num sector tão sensível e congestionado como são muitos aeroportos europeus.
Já estamos habituados a esta fúria liberalizadora da Comissão Barroso. O que não é muito comum é o Parlamento opor-se assim frontalmente às suas propostas. Talvez o facto de os deputados europeus viverem permanentemente em viagem, prezarem a sua segurança e gostarem de ser bem tratados quando fazem escalas nos aeroportos, os tenha tornado mais sensíveis do que habitualmente são aos argumentos destes trabalhadores.
Paradoxalmente, no nosso país, tudo vai no sentido oposto. O governo pretende privatizar completamente o sector, entregando a TAP, todos os aeroportos e os serviços que neles se prestam ao mundo dos negócios privados, onde a obtenção do lucro máximo é a regra de ouro a que se submetem todas as outras preocupações.
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