Publicado em: O Gaiense, 10 de Janeiro de 2009
No esquema de rotação semestral da presidência do Conselho Europeu, começou no dia 1 a presidência da República Checa. E começou com estrondo.
Num artigo publicado esta semana no Financial Times, o presidente da República, Vaclav Klaus, desfia uma série de barbaridades que não auguram nada de bom para este semestre crucial na vida política da UE.
Diz ele que a crise financeira, que estaria a ser exagerada pelos media, não é culpa dos mercados, mas sim dos políticos. E que a resposta, portanto, não pode ser mais regulação, nem mais nacionalizações ou outras intervenções dos Estados. Precisamos, sim, de mais liberalização, mais espaço para a iniciativa privada, de enfraquecer ou mesmo repelir as actuais normas laborais, sociais, ambientais e de saúde (sic), que bloqueiam a actividade económica. Mais mercado, menos regras e menos governo, diz o senhor.
Acrescenta que isso do aquecimento global é uma treta, um fenómeno que não estaria comprovado. Combater as emissões de dióxido de carbono é inútil, prejudica os negócios e, além do mais, se houver alterações do clima, a humanidade acabará por se habituar.
É muito difícil encontrar um texto de um político com responsabilidades instituicionais com tantas alarvidades juntas. Este integrismo neoliberal, na sua versão mais bárbara, começa a ser, felizmente, uma raridade no panorama europeu e mesmo internacional. Mas este é o homem que preside aos destinos do país que hoje preside aos destinos de todos nós. Tem seis meses para causar danos...
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