Publicado em: O Gaiense, 17 de Janeiro de 2009
Na Gaza cercada, ocupada e agora dividida a meio pelo exército de Israel, não podem entrar jornalistas. A liberdade de informação foi a primeira vítima da guerra. Sem televisões, o espectro da barbárie pode voar livremente contra qualquer tipo de alvo.
Oito parlamentares europeus, de vários grupos políticos, incluindo o português Miguel Portas, decidiram forçar o cerco. Voaram até ao Egipto e daí, por sua conta e risco, entraram no território proibido com uma câmara de filmar e recolheram imagens que hoje estão a ser exibidas pelas televisões de todo o mundo.
Foram recebidos por John Ging, o director das Nações Unidas em Gaza que, de uma forma admirável e até heróica, continua a coordenar as operações de ajuda debaixo dos bombardeamentos. Diz ele, nessas imagens: Há uma diferença enorme entre o que acontece às vítimas palestinianas dos bombardeamentos israelitas e os alvos dos rockets do Hamas, para além da enorme desproporção das bombas lançadas: os habitantes de Israel podem sempre pegar no seu carro e fugir para uma zona segura, ao passo que os habitantes de Gaza estão aqui bloqueados, em zonas sobrepovoadas, sem meios de locomoção e com as fronteiras fechadas. Agora nem podem deslocar-se entre as zonas divididas pelo exército ocupante. Bombardear cidades nestas condições provoca sempre grande número de mortos e feridos entre a população civil. É contra os valores básicos da nossa civilização.
Como dizia um deputado britânico: a Inglaterra teve uma dura guerra com o IRA, mas nunca lhe passou pela cabeça arrasar Belfast à bomba. Isso apenas nos fizeram os nazis.
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