Foto: Maria José Araújo
Num seminário em que participei esta semana na Suécia, uma investigadora da Universidade de Gotemburgo apresentou um interessante estudo, feito por uma equipa mista europeia e americana, sobre a relação do bem-estar infantil com as diferentes políticas de apoio à família em dezanove países da OCDE. Analisaram a situação da infância no que respeita à pobreza, mortalidade, realização pessoal e sucesso escolar. Focaram-se em quatro sub-conjuntos de políticas familiares: rendimento e benefícios fiscais, segurança no desemprego e na incapacidade, licenças de maternidade e paternidade, serviço público de apoio e guarda de crianças.
O seu estudo demonstrou que as licenças parentais e os serviços públicos de apoio e guarda de crianças são dos mais eficientes na redução dos riscos associados à pobreza e mortalidade, enquanto o rendimento familiar, os benefícios fiscais e segurança no desemprego e incapacidade são os que mais influenciam a realização e o progresso escolar.
Mas, sobretudo, verificaram em que medida os Estados que asseguram de forma mais “generosa” um apoio combinado a esses quatro aspectos da política familiar apresentam resultados francamente superiores a todos os outros países, seja qual for o indicador de bem-estar infantil que se analise. Essa virtuosa combinação de políticas familiares verifica-se hoje apenas nos países nórdicos e as suas opções persistentes das últimas décadas apresentam resultados visíveis em todos os quadros de análise. Aquilo que os investigadores normalmente chamam “modelo nórdico” revelou-se bastante mais eficaz do que os outros três principais modelos-tipo de políticas familiares: o conservador, o liberal e o do Sul da Europa.
Num mundo global, seria boa ideia globalizar as conclusões dos estudos sobre as diferentes experiências sociais cujas consequências práticas têm já um historial suficientemente longo e consolidado para poderem ser analisadas objectivamente e não apenas através de uma retórica mais ou menos ideológica.
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