Publicado em: O Gaiense, 3 de Outubro de 2009
O que mudou domingo nos dois países? Muita coisa, mas não a chefia dos governos. Todos os partidos ou coligações aumentaram a sua representação parlamentar, com excepção dos partidos da família socialista, que por cá (PS) perdeu mais de vinte lugares e na Alemanha (SPD) 76. Lá como cá, as maiores subidas foram dos partidos mais à esquerda e mais à direita, Bloco e Die Linke num lado, CDS e FDP no outro. Haverá possivelmente uma tendência europeia de transformação do panorama político que dá os primeiros passos.
Uma diferença entre os dois países tem a ver com o papel do parlamento na nova conjuntura. Lá, como cá, não houve maioria absoluta. Mas, na Alemanha, no final do dia, já estava anunciada uma coligação maioritária entre a CDU/CSU de Merkel e a direita liberal do FDP, o que permite à chanceler uma solução mais coesa do que a grande coligação com o SPD que, de forma um tanto hesitante e contraditória, governou a Alemanha nos últimos anos.
Os conservadores e os homens de negócios rejubilam e preparam o ataque às regalias laborais e sociais que ainda restam aos milhões de trabalhadores alemães. Bem podem a esquerda e até os sociais-democratas protestar no parlamento, os seus deputados não serão suficientes para bloquear as decisões. O que os analistas estão a prever é mais resistência sindical e mais protestos de rua. Como aconteceu nos últimos anos na política portuguesa, confrontada com um governo de maioria absoluta. Agora, na hipótese de um governo minoritário, o nosso Parlamento vai ganhar maior protagonismo. Vai finalmente ser interessante assistir às votações. Haverá emoção e suspense. Talvez assim o povo se interesse mais pela política e por saber o que fazem os seus eleitos. O que só pode ser salutar para a vida democrática do país. Embora não dispense a necessidade de uma maior taxa de sindicalização e participação nas iniciativas cívicas, sejam elas de rua ou de interior. Como acontece no Norte da Europa, com resultados tão visíveis e tão positivos.
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