Publicado em: O Gaiense, 21 de Abril de 2012
O governo
espanhol está indignado com a decisão da Argentina de recomprar 51% da empresa
YPF - Yacimientos Petrolíferos Fiscales, uma antiga empresa pública fundada em
1922, na presidência de Hipólito Yrigoyen, com a perspectiva de garantir a
independência económica e a propriedade pública dos recursos petrolíferos
argentinos. Antes de conseguir atingir plenamente estes objectivos, em 1930, o
presidente seria deposto por um golpe militar financiado pelas grandes
petrolíferas estrangeiras interessadas na exploração dos recursos naturais do
país.
Nos anos
90, sob intervenção do FMI, a Argentina viveu uma profunda crise. Na receita
habitual estava a privatização de empresas públicas. A YPF foi privatizada e
acabaria nas mãos da Repsol. A Repsol, originária também de uma empresa pública
espanhola, foi resultado da política de privatização dos anos 80 em Espanha,
sendo que recentemente a maioria do seu capital nem sequer tem estado em mãos
de fundos ou empresas espanholas; o único Estado que tem uma intervenção
directa na Repsol é o México através da Pemex - Petróleos Mexicanos. Aliás, a
Repsol em Espanha declara apenas 24,8% dos seus rendimentos globais.
No
entanto, o ministro espanhol dos "Asuntos Exteriores y Cooperación"
disse que "um ataque à Repsol se considerará um ataque à Espanha".
Tanto fervor nacionalista não teria sido mais útil quando eles próprios
decidiram vender a Repsol? Ou é indignação que depende do comprador? Ou ela
própria comprada?
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