Publicado em: O Gaiense, 7 de Abril de 2012
A decisão mais mediática da reunião dos Ministros das Finanças do Eurogrupo
foi a constituição de uma “firewall” (literalmente: parede corta-fogo) para
protecção da zona euro face aos ataques especulativos dos mercados financeiros.
O mecanismo resulta da combinação do FEEF – Fundo Europeu de Estabilidade
Financeira, um fundo temporário que manterá os programas existentes no valor de
cerca de 200 mil milhões de euros, com o novo MEE – Mecanismo Europeu de
Estabilidade, de caráter permanente, com um volume máximo de empréstimo de 500 mil
milhões. Somando os 102 já comparticipados pela UE nos empréstimos à Grécia,
Irlanda e Portugal, temos então uma “firewall” de pouco mais de 800 mil
milhões. Um valor insuficiente se for preciso fazer empréstimos à Espanha ou à
Itália. Um valor substancialmente abaixo do bilião que tinha sido proposto. Mas
temos, ao menos, uma “firewall”.
É já um reconhecimento importante: a parede corta-fogo é uma proteção
contra as chamas dos mercados financeiros que têm especulado contra as dívidas
soberanas, aprofundando a crise. Porém, qual é o objectivo assumido nos
programas de resgate? Que os países possam voltar a financiar-se nos mercados
financeiros, ou seja, quando parecerem salvos, serão lançados de novo para o
fogo. No caso de Portugal, a condenação à fogueira está marcada para 23 de
Setembro de 2013.
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