Fairplay financeiro no futebol



Publicado em: O Gaiense

Nesta terça-feira, a UEFA veio à Comissão de Cultura e Educação do Parlamento Europeu (PE) apresentar, em primeira mão, o plano sobre fair-play financeiro aprovado por unanimidade no seu Comité Executivo de 27 de Maio. Esta deferência para com a Comissão parlamentar que tem o pelouro do desporto foi justificada pela UEFA com o facto de aquele plano ser uma “resposta directa” aos apelos do Parlamento para que os clubes adoptassem uma atitude financeira mais prudente, tendo sido incluídas várias recomendações do PE na nova regulamentação.

A ideia central do plano — que vai ser tornado público este mês, provavelmente ainda antes do Mundial —, é obrigar os clubes a reduzirem os gastos até ao montante das suas receitas desportivas, limitando os prejuízos que os donos de clubes podem cobrir e contrariando a tendência para a espiral inflacionária nas contratações que, afirma a UEFA, está a ficar fora de controlo.

Já em 2008, os 732 clubes das primeiras divisões tinham custos de 12 100 milhões de euros e receitas de apenas 11 500. Cinquenta e sete de entre eles pagavam, só em salários, mais de 100% do valor das receitas. Hoje, metade dos clubes mais importantes apresentam prejuízos e mais de 20% têm enormes défices acumulados.

O plano obrigará os clubes a equilibrarem as receitas e despesas até ao fim de 2012. Têm quase três anos para alterar o seu padrão de gestão. As sanções por incumprimento começarão a ser aplicadas na época de 2013-2014, com impedimento de participação na Liga dos Campeões e na Liga Europa.

Outros objectivos visados no documento são uma maior atenção aos investimentos a longo prazo nas camadas jovens e nas instalações, garantir que no final de cada época os salários, impostos e dívidas a outros clubes ficam saldados e ainda que todos os compromissos assumidos sejam acompanhados de um plano credível de financiamento.

O cumprimento destes princípios vai ser verificado por um Painel de Controlo Financeiro dos Clubes, presidido pelo eurodeputado belga Jean-Luc Dehaene, que acumulará esta função com a sua função política e com a de presidente do Conselho de Administração do banco Dexia e ainda com a de administrador de várias multinacionais e de várias outras instituições.

Talvez não se resolva o problema do fair-play financeiro ou da circulação de dinheiro de origem duvidosa, mas pelo menos coloca-se um travão na corrida vertiginosa contra o muro que está a viver o futebol europeu.


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