ACTA: os cidadãos e a UE

Entrega da petição no Parlamento Europeu © European Union 2012 PE-EP



Publicado em: O Gaiense, 3 de Março de 2012

O ambiente esteve ao rubro esta semana no Parlamento Europeu. Começaram os debates sobre a ratificação do ACTA, o Acordo Comercial Anticontrafação, que visa combater os produtos contrafeitos e as violações dos direitos de propriedade intelectual na Internet. Por todo o mundo se levantou um activo movimento crítico considerando que foi negociado de forma não transparente com vista a favorecer as grandes empresas em detrimento dos direitos dos cidadãos e ameaça a privacidade e a liberdade na Internet. Houve manifestações simultâneas em dezenas de cidades europeias e foi entregue no PE uma petição com dois milhões e meio de assinaturas pedindo o voto contra. Apesar de ter sido negociado pela Comissão e aprovado pelo Conselho, sem o voto do Parlamento, o ACTA não pode entrar em vigor na UE.


Os acesos debates desta semana tiveram salas a abarrotar e foram transmitidos em directo pela net. Especialistas convidados arrasaram o acordo e uma maioria de eurodeputados inclina-se para a rejeição. Percebendo que o ambiente não está favorável, e com vista a adiar a votação para dias mais calmos, a Comissão decidiu pedir um parecer ao Tribunal de Justiça da UE sobre a compatibilidade do ACTA com a legislação europeia. Estranha atitude por parte de quem negociou o acordo: esclarecer as dúvidas depois de assinar...

Há vários  Estados-Membros que ainda não assinaram, entre os quais a Alemanha, os Países-Baixos, a Polónia e a República Checa. Portugal, o bom aluno, já assinou, claro.

A participação activa dos cidadãos está a ser o factor decisivo para bloquear este Acordo. Compete agora aos eurodeputados estar à altura dos seus mandatos, passar ao voto e arquivar de vez o ACTA no caixote do lixo. Como já fez o Brasil, a China, a Índia e tantos outros países.

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