Publicado em: O Gaiense, 6 de Outubro de 2012
Pela
segunda vez na história recente, o país se agita porque um governo negoceia com
Bruxelas medidas a aplicar em Portugal antes de as anunciar, discutir e
negociar em Portugal, directamente com aqueles que vão ser objecto, ou vítimas
(ou beneficiários, na opinião dos governantes) dessas medidas. Quando José
Sócrates, há dezoito meses, fez o mesmo, a propósito do PEC IV, que Passos
Coelho fez agora, este considerou uma atitude inadmissível. Hoje, é Seguro a
fazer o papel de virgem ofendida.
Se
estas medidas, para entrarem em vigor, têm de ser aprovadas pelos parceiros
europeus e têm também de ter aprovação em Portugal, fará alguma diferença a
ordem pela qual as negociações se processam? Poder-se-á criticar os governos
Sócrates e Coelho por terem começado as conversas por Bruxelas?
De
facto, a ordem faz toda a diferença. Chegar a acordo em Bruxelas e depois
promover a aprovação das medidas em Portugal é actuar como representante dos
interesses e das políticas de Bruxelas junto dos portugueses. Discutir e
aprovar as medidas primeiro em Portugal e depois tentar ganhar para elas o
apoio de Bruxelas e dos parceiros europeus, seria actuar na Europa como
representante de Portugal. Que tipo de governantes preferimos ter?
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