De cimeira em cimeira...




Publicado em: O Gaiense, 16 de Março de 2013

No início do Conselho Europeu (CE) desta semana, o presidente do Parlamento Europeu (PE) lembrou que, desde a última cimeira de Primavera (onde anualmente se define a política económica e social da UE), dois milhões de pessoas perderam o emprego e muitos europeus foram lançados na pobreza; reafirmou que o PE não acredita que as consequências da crise financeira possam ser superadas através de cortes orçamentais e que a implementação dogmática de políticas de austeridade não tem qualquer sentido e só pode aprofundar a recessão.

Pelo seu lado, o presidente do CE, Herman van Rompuy, em carta aos chefes de Estado e de governo, chamou a atenção para os enormes atrasos na transposição de medidas para as legislações nacionais, por exemplo, a directiva sobre os atrasos nos pagamentos, com enorme relevância para a actividade económica, decidida há já dois anos, tem como data limite para estar transposta hoje, 16 de Março, no entanto na maioria dos Estados Membros o trabalho não foi feito, talvez (digo eu) porque os Estados são frequentemente dos maiores prevaricadores no que respeita ao pagamento atempado aos cidadãos e aos fornecedores.

O Partido Popular Europeu (a que pertencem o PSD e o CDS), que define e comanda as políticas da UE que nos trouxeram à situação actual, tem visto os seus governos caírem um após outro em sucessivas eleições. Daí a pressa de van Rompuy de aprovar tudo o que for possível antes das eleições europeias de 2014. Pois, como afirmou o primeiro-ministro do Luxemburgo, há "grandes preocupações sobre os próximos desenvolvimentos" e não exclui que possamos "assistir a uma rebelião social". De facto, cada vez mais europeus pensam o mesmo, que isto só mudará dessa maneira e que as eleições de 2014 serão um momento importante para que essa rebelião se expresse também nas urnas e ajude a mudar a Europa para que deixe de ser um instrumento de massacre das populações às ordens dos mercados financeiros.

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