Publicado em: O Gaiense, 30 de Março
No domingo, 24 de Março, fez 14 anos, que a NATO iniciou uma intensa campanha de bombardeamentos sobre uma capital europeia, deixando atrás de si um cenário dantesco de destruição e morte.
Belgrado é uma grande e bela cidade, com uma intensa vida cultural.
Passei lá este fim de semana a convite de um novo movimento socialista, parte da coligação governamental, que realizou o seu segundo congresso nesta data tão marcante para os sérvios.
Falei com muita gente e a enorme repulsa pelos autores da destruição da sua cidade é algo que parece uni-los a todos, desde a minha guia, Andreia, que era então uma criança como outras que ali morreram, ao meu motorista, o velho e afável Panta (nome real Pantovič), um dos muitos que espontaneamente encheram as pontes que ainda não tinham sido destruídas para tentar, como escudos humanos, evitar que a cidade se transformasse em ilhas incomunicáveis. Nós, que vivemos numa cidade de pontes, podemos facilmente compreender por que o fizeram.
É estranho ver, numa larga avenida com magníficos e bem conservados edifícios dos séculos XIX e XX, as pessoas esperarem calmamente o autocarro numa paragem à frente da gigantesca ruína de um moderno edifício classificado como património arquitectónico.
“Uma acção de banditismo”, foi como o grande escritor inglês Harold Pinter, prémio Nobel da literatura, classificou o bombardeamento da televisão sérvia, cheia de jornalistas e outros funcionários, em retaliação por estes terem mostrado imagens das vítimas civis. Isto aconteceu poucos dias depois de a NATO ter assegurado, numa carta à Federação Internacional de Jornalistas, que a televisão não seria atacada.
( Embaixada dos EUA, pelos próprios transformada em bunker, com as janelas todas emparedadas)
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