Esta semana, o Presidente da República da Irlanda discursou no Parlamento Europeu. Um discurso a vários títulos notável, cuja comparação com as declarações e os silêncios do seu homólogo português nos pode deixar um bocado deprimidos.
Para que o leitor possa tirar as suas próprias conclusões, aqui ficam alguns extractos:
"A narrativa económica dos últimos anos foi orientada por secas preocupações técnicas, por cálculos abstractos alheados dos problemas reais, preocupada com o impacto das medidas nos mercados especulativos, sem compaixão nem empatia com as dificuldades dos cidadãos Europeus."
"A Europa é mais do que um espaço económico de concorrência em que os cidadãos são convidados ou impelidos a sacrificar as suas vidas ao serviço de um modelo abstracto de economia e sociedade, cujos pressupostos não deveriam questionar, nem submeter a escrutínio eleitoral."
"Se virmos o povo como mera variável dependente nos pareceres das agências de rating, agências que não respondem perante qualquer "demos" e que são muito falíveis, então, em vez de cidadãos, seríamos reduzidos ao estatuto de consumidores, meros peões no tabuleiro de xadrez da especulação financeira, num jogo cujas regras são fracas, não testadas ou, mais frequentemente, não declaradas."
"A sugestão de que os cidadãos e os seus representantes não têm suficiente literacia orçamental ou económica para poderem decidir as políticas que afectam as suas vidas, – seja o desemprego, a habitação, a saúde, a educação ou o ambiente – tem as mais sérias implicações em termos de legitimidade, constitui um ataque à própria democracia."
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Pode aceder ao discurso na íntegra, aqui.
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