Publicado em: O Gaiense, 27 de Abril de 2013
Foi muito noticiada a declaração de Barroso de que a política apenas centrada na redução do défice “atingiu os seus limites”, apesar de considerar a austeridade necessária para corrigir os desequilíbrios.
Porém, penso que há algo de mais profundo e interessante nestas declarações, e tem a ver com a razão apontada para termos atingido esses limites: as políticas de austeridade não tiveram aceitação social, conduzindo a tensões na Europa. A grande falha da UE na resposta à crise, segundo ele, foi que “não fomos capazes de construir o apoio necessário”.
Ou seja, se por um lado não reconhece qualquer problema na política de austeridade em si, que estaria perfeita se fosse bem explicada e conseguisse convencer as vítimas, já por outro lado, o que Barroso vem reconhecer é que a aceitação social passa a ser um factor limitador para as políticas da UE.
Seria bom que o povo português atendesse bem nestas palavras. Enquanto formos aceitando, eles continuam. Se nos revoltarmos, eles serão obrigados a ter esse factor em consideração e as medidas podem ser bloqueadas. Nem os organizadores de manifestações poderiam ser mais eloquentes sobre a importância decisiva da participação popular nos protestos.
Barroso constatou que a austeridade não tem “o apoio necessário”. Óptimo. Mas agora o que é preciso é que uma alternativa política às forças do chamado “arco da austeridade” possa ter esse tal apoio necessário. Para deixarmos de andar em círculo ou em espiral, sempre a voltar para trás, e começarmos finalmente a andar para a frente.
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Pode aceder aqui ao texto integral do discurso que antecedeu o debate em que foi feita esta declaração.
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