A UE, a Colômbia e os direitos humanos
















Publicado em: O Gaiense, 12 de Dezembro de 2009


Uma importante delegação colombiana esteve esta semana em Bruxelas, recebida por parlamentares de vários grupos políticos, para apelar para a consciência cívica da UE nas relações com o seu país e denunciar a situação que vivem os sindicalistas.

Nos últimos quinze anos, mais de 2500 sindicalistas foram assassinados, muitos desaparecidos, torturados ou forçados a abandonar a sua terra. Há 4,6 milhões de deslocados à força. Desde 2002, mais de 300 membros dos sindicatos dos professores foram mortos. Os dados de 2008 mostram um agravamento de 25% nestas execuções extra-judiciais face a 2007.

Praticamente ninguém é condenado por esses crimes. O próprio poder judicial é vítima de ameaças e mesmo de assassinatos. Jornalistas e políticos que denunciem a situação têm o mesmo destino. Os assassinos, normalmente do exército regular, mas também unidades paramilitares, gozam assim de impunidade quase absoluta.

De acordo com as denúncias da ONU e da Amnistia Internacional, a Colômbia é o país mais perigoso para se ser sindicalista. Dos sindicalistas assassinados todos os anos no mundo, entre 60 e 70% são colombianos.

Os militares sequestram também jovens agricultores e dos bairros pobres, vestem-nos de guerrilheiros, matam-nos e apresentam os cadáveres para receberem a recompensa prevista para quem eliminar guerrilheiros. É um comércio macabro que serve a quem recebe, mas também a quem paga, o governo Uribe, que alimenta as estatísticas e a propaganda.

Os parlamentos dos EUA, Canadá e Noruega já impediram a assinatura dos acordos de livre comércio com a Colômbia, enquanto persistirem as violações sistemáticas dos direitos humanos. E a UE, auto-proclamada campeã dos direitos humanos no mundo, quando irá ter a decência mínima de fazer o mesmo? Lady Ashton, anterior Comissária para o Comércio e agora Alta Representante da UE para a Política Externa, vai continuar a olhar para o lado e mostrar-se mais interessada nos negócios do que nos direitos humanos? Seria um péssimo começo.


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