Publicado em: O Gaiense, 26 de Dezembro de 2009
Sendo a cimeira de Copenhaga um evento da maior relevância mundial, interessa-nos ver como é que a União Europeia nele participou e tentou influenciar o mundo.
A UE partiu para esta cimeira cheia de fôlego e de propostas que, apesar de insuficientes e apontarem falsas saídas, até se poderiam considerar menos más se comparadas com outras propostas e com a declaração final.
Acrescentemos que a cimeira se realizou na UE, que portanto jogava em casa e era, de certa forma, a anfitriã dos líderes mundiais (coisa estranhamente pouco referida).
Acrescentemos ainda que esta cimeira foi o primeiro grande evento mundial que teve o contributo da nova UE saída do Tratado de Lisboa, aquele tratado que iria finalmente permitir que uma União forte e unida tivesse um papel eficaz e uma voz clara na cena internacional: a voz e a liderança do novo Presidente do Conselho Europeu.
Quem seguiu os relatos do dia-a-dia da cimeira, terá notado ao princípio uma certa vontade de liderança da UE, depois, com a evolução das negociações, apenas a esperança de poder desempenhar um papel de mediador, a seguir andamos aos papéis com propostas de última hora que não respeitavam o trabalho anterior e, no final, já nem sequer estivemos presentes na patética reunião que juntou EUA, China, Brasil, Índia e África do Sul para decidirem qual seria a declaração final. Dizem os jornalistas que alguns líderes europeus teriam recebido a deferência de um sms informando do decorrer da discussão.
E alguém notou a presença de Herman Van Rompuy, o novo Presidente do Conselho Europeu, escolhido precisamente para ser a voz da UE neste tipo de negociações? Ou, pelo contrário, o rosto da UE continuou a ser Durão Barroso e, o que é ainda mais revelador do estado em que estamos, 27 equipas negociadoras nacionais, nem sempre com posições coincidentes, acompanhadas pelos seus chefes de Estado e de governo, sempre com a preponderância dos inevitáveis Sarkozy, Merkel e Brown?
A cimeira realizou-se na UE, mas a UE enquanto tal falhou na relevância e na eficácia. O Tratado de Lisboa acaba também de chumbar no seu primeiro teste da vida real. E Van Rompuy nem sequer chumbou no teste de liderança, faltou ao exame.
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