Publicado em: O Gaiense, 9 de Abril de 2011
É irónico que nas eleições europeias quase ninguém estivesse realmente interessado em discutir a Europa e que a Europa tenha entrado de rompante para o centro do debate numas eleições nacionais. Talvez isto sirva para entendermos que a política europeia já não é uma mera questão de política externa, mas está bem no coração da nossa agenda doméstica.
As dificuldades que sofremos são fruto das nossas próprias escolhas políticas. E quando a UE nos impõe no dia a dia um modelo económico falhado, quando inclui nos seus pacotes de "ajuda" inaceitáveis condições de empobrecimento do povo e de protecção do sistema financeiro, em particular dos bancos alemães, fá-lo porque os europeus escolheram governos que defendem e aplicam essas políticas.
Mas na UE começam a levantar-se ventos de mudança. Dada a estrutura institucional da UE e o papel liderante do Conselho, só se pode mudar a Europa a partir dos Estados-membros. No dia 5 de Junho, os portugueses têm a possibilidade não só de mudar o seu país, mas de contribuir para este início de mudança da União, para que esta deixe de ter o rosto arrogante, distante e impositivo que hoje tem e comece a ser uma Europa de progresso social, transparente e solidária com todos os europeus, sobretudo com os que vivem momentos de dificuldade. Uma Europa em que a palavra "ajuda" tenha o significado que vem nos dicionários.
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