Publicado em: O Gaiense, 22 de Abril de 2011
Durante muito tempo se tentou impor em Portugal aquela lógica da bipolarização que tem destruído o pluralismo democrático em muitos países europeus, e não só, como é o caso dos EUA. Felizmente, nunca por cá vingou esse modelo redutor das opções políticas. De qualquer modo, os dois partidos que se tentavam afirmar como pólos dessa bipolarização nunca apresentaram diferenças suficientes entre si para conseguirem catalisar o seu pretendido pólo. A ter acontecido, esta seria, portanto, uma bipolarização viciosa.
Mas a presente situação política poderá fazer nascer, pela primeira vez, a bipolarização no nosso país. Não terá, contudo, a geometria que caracterizava as desastradas tentativas anteriores.
Quando a troika FMI-BCE-CE submeter um leque alargado de partidos ao ditame de um programa de governo único, estará a construir (os mais atentos dirão: a consolidar) um pólo político unificado, que será suficientemente claro nas suas fronteiras externas e suficientemente difuso nas suas fronteiras ideológicas internas, apresentando portanto as características essenciais para a constituição de um dos lados desta nova bipolarização.
Resta saber se os que não se reveem neste pólo, neste “arco do FMI”, terão a sabedoria e a coragem para constituírem, do outro lado da bipolarização, um verdadeiro arco alternativo.
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