Publicado em: O Gaiense, 24 de Dezembro de 2011
Já que estamos naquela quadra em que se multiplicam as mais louváveis iniciativas solidárias e toda a gente afirma o seu espírito de Natal em unânimes votos de amor pelas crianças e de partilha e compaixão com os mais desfavorecidos, permitam que esta carta se venha juntar a esse coro benfazejo com uma sugestão muito concreta.
Se - como se diz e eu concordo - Natal devia ser o ano todo ou, pelo menos, sempre que uma pessoa quiser, proponho que passemos a utilizar o espírito de Natal como critério concreto e permanente para avaliar as propostas e medidas com que se vai mudando a nossa vida colectiva. As que passassem no teste mantinham-se, as que chumbassem teríamos de eliminar.
Alguns exemplos: O corte do subsídio de Natal está de acordo com o espírito de Natal? Obrigar os trabalhadores a meia hora diária de trabalho grátis é uma medida solidária com quem mais precisa? O aumento das taxas na Saúde é mais compaixão com os doentes? Os cortes na Educação fazem-se por amor às crianças, as tais que merecem sempre o melhor? O Orçamento de Estado é uma expressão quantificada do amor universal? As decisões do Conselho Europeu aprofundam a fraternidade entre os povos? A troika são os três reis magos?
Se respondeu “sim” a todas as perguntas, desejo-lhe um feliz 2012. Se respondeu “não”, pergunto-lhe: o que vai fazer para ser fiel aos seus votos natalícios? Ou eles esgotam-se no dia 26?
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