Banda desenhada publicada na contra-capa da revista O Tempo e o Modo nº 81, Jul-Ago 1970
Publicado em: O Gaiense, 31 de Dezembro de 2012
Numa crónica de fim de ano, ou se faz o balanço do ano que acaba, ou se fazem votos para o ano que começa. Vou pela segunda opção porque, confesso, já estou um bocado farto deste penoso 2011.
Faço votos para que 2012 seja o ano da recuperação. Recuperação da dignidade de um povo que em 2011 foi classificado como lixo pelas agências internacionais, foi tratado como lixo pelos poderes políticos europeus e nacionais, foi descartado como lixo pelas instituições financeiras e, pior do que tudo isso, comeu e calou, paralisado pelo veneno da resignação (“é duro, mas tinha que ser...”).
Faço votos para que, em 2012, Portugal seja de novo um bom aluno. Não um bom aluno das receitas falhadas que nos conduzirão de volta à pobreza e ao fim do que nos resta de Estado social. Nós vivemos metade do século passado a penar na pobreza e na falta de direitos porque fomos tolerando, com inaceitável passividade, as regras caducas de quem nos governava. É tempo de sermos bons alunos, mas de outras escolas. De seguirmos exemplos de quem não se resigna, de quem foi para as praças libertadoras derrubar poderes eternos, de quem ocupou Wall street ou a Puerta del Sol. Bons alunos, afinal, de nós próprios, que num certo Abril acendemos o sol da liberdade no país dos impossíveis. Ou, recuando mais um pouco, bons alunos daquele nosso Poeta que nos disse, de forma tão bela, que “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”. Em 2012, haja mais coragem, que na nossa terra “não se muda já como soía”.
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