O comissário Karel De Gucht informou que a Comissão Europeia
decidiu submeter o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement) ao Tribunal
Europeu de Justiça, para este se pronunciar sobre a existência de qualquer
incompatibilidade do Acordo com os direitos fundamentais e liberdades na UE,
nomeadamente a liberdade de expressão e informação, a protecção de dados e o
direito à propriedade intelectual.
Acontece que a Comissão e o Conselho, que aprovaram o ACTA
por unanimidade e o remeteram para ratificação pelos Estados-Membros, não têm
qualquer dúvida na matéria: continuam a considerar que o ACTA deve
absolutamente ser aprovado. Só que o enorme debate popular gerado por toda a
Europa fê-los recear que, a ter lugar neste momento, a votação favorável no
Parlamento Europeu não fosse um dado adquirido.
Com esta manobra dilatória pretendem, por um lado, adiar a
votação do PE para uma altura menos conturbada na opinião pública e, por outro,
dispor de uma opinião positiva do Tribunal para pressionar os eurodeputados
mais hesitantes para que votem a favor. O acórdão do Tribunal pode demorar um
ou dois anos, ou mais se alguns Estados-Membros também o vierem a solicitar.
A Comissão espera que o actual movimento de contestação já
tenha então esmorecido e o ambiente esteja mais calmo. É um desafio que se nos
coloca; teremos de saber estar à altura dele e, se o voto for adiado, relançar
o movimento na altura oportuna e provocar mais uma desilusão os senhores
comissários.
A Comissão gostaria também que o PE agora se juntasse ao seu
pedido de parecer do Tribunal, o que, a acontecer, impediria o Parlamento de
proceder ao voto desde já. Mas nada obriga o PE a fazê-lo e nada impede que prossiga
desde já com o seu processo de ratificação. Esta é uma decisão que os
eurodeputados vão ter de tomar em breve.
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