Publicado em: O Gaiense, 18 de Maio de 2013
A França entrou em recessão, a Itália está um caos e Portugal é aquela desgraça que todos sabemos. No entanto, é uma francesa, um italiano e um português que andam a impor na Europa as receitas da austeridade. A troika não são aqueles três senhores de fato escuro e cara de pau que vemos nos telejornais; esses são apenas três funcionários — muito ironicamente, três funcionários públicos — que cumprem as ordens de Christine Lagarde, Mario Draghi e Durão Barroso, esses sim, os verdadeiros rostos da troika, três latinos da Europa do sul.
É algo incoerente que tanto se ataque a senhora Merkel e se responsabilize a Alemanha pelas políticas desastrosas que estão a ser levadas a cabo na UE (e eu sou um deles, e convicto, como o leitor regular destas crónicas já deve ter notado) e que tanto se ataque as políticas da troika, mas se deixe mais ou menos em paz os três responsáveis diretos dessas políticas.
É incoerente que tanta gente (eu incluído) peça a demissão do líder do PSD e primeiro ministro Passos Coelho por aplicar a política da troika e ninguém peça a demissão do ex-líder do PSD e ex-primeiro ministro Durão Barroso por definir e impor essa mesma política, que está a arruinar Portugal. Muitos dirão: Barroso não manda nada, só faz o que manda a chanceler. Mas esse não seria, só por si, motivo suficiente para pedir a sua demissão? Se é ele que manda, peça-se a demissão porque a sua política está a ser um desastre. Se não manda nada, peça-se a demissão porque os tempos que correm exigem na UE políticos com coragem e não fantoches.
Nesta onda de pedido de demissões também tem que haver alguma justiça redistributiva...
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