Pós-troika, já!





Publicado em: O Gaiense, 25 de Maio de 2013

 

O Conselho de Estado discutiu o pós-troika (ninguém sabe em que termos, que o contributo dos ilustres da nação é para mero consumo interno de Belém). Foi uma reunião muito útil para o Presidente se dotar de informação relevante para basear a sua inacção.

A verdade é que por todo o lado se discute o pós-troika, mais concretamente, a forma de nos vermos livres das imposições da dita, quanto antes melhor, para podermos finalmente recuperar o país devastado pelo tornado da austeridade. Já se sabe que, quando a troika sair, todos os nossos indicadores (défice, dívida, desemprego, falências, etc.) estarão pelas ruas da amargura. Um caso de sucesso, como diz o ministro das Finanças alemão.

Mas há dois pós-troika possíveis. Um seria um pós-troika podre, tipo "evolução na continuidade", daquela forma como o marcelismo foi, no final dos anos sessenta, um pós-salazarismo, mantendo os fundamentos do sistema, num processo de contínua degenerescência nacional. Tivemos de resolver o assunto com a revolução de Abril.

A outra possibilidade é um pós-troika a sério, que corte com a lógica desta política e demita os seus promotores, mudando de vida para reconstruirmos o país numa base minimamente decente.

Se é assim, por que haveríamos de esperar por Junho de 2014? Os capitães de Abril não esperaram pelo fim do mandato de Marcelo Caetano, porque sabiam que, a cada mês que passasse, Portugal estaria pior. Hoje também, há que cortar o mal pela raiz e passar ao pós-troika quanto antes. Pós-troika que quer dizer: pós-Passos, pós-Gaspar, pós-Portas e que será também, no fundo, um pós-Cavaco.


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