Foto da sessão do 4º Congresso do PT em Brasília, 20-02-2010, após a escolha da candidata presidencial.
Pormenor a notar e interpretar: a candidata Dilma Rousseff, o Presidente da República Lula da Silva, sua mulher Marisa e o novo presidente do PT José Eduardo Dutra, apresentaram-se todos de camisa vermelha.
Publicado em: O Gaiense, 27 de Fevereiro de 2010
Participei na passada semana, no Brasil, no congresso do Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula, onde se analisaram os resultados dos últimos oito anos de governo e se aprovaram propostas para o programa de governo de Dilma Rousseff, candidata presidencial.
Uma das ideias mais repetidas por dirigentes do partido e pelo Presidente da República foi a recusa da fórmula conservadora e neoliberal de que primeiro há que fazer crescer a economia e só depois pensar em proceder à distribuição dos rendimentos. Afirma-se frequentemente (e em Portugal estamos sempre a ouvi-lo) que não se pode distribuir riqueza pelos mais pobres sem antes a ter produzido. Os anteriores governos brasileiros tinham seguido este princípio e os resultados foram não só um crescimento medíocre, como a brutal acumulação de riqueza num reduzido segmento da população, mantendo a grande maioria em níveis de pobreza deploráveis, num país dos mais desiguais do mundo.
Invertendo esta tendência, o governo resolveu proceder a uma enorme operação de distribuição de rendimento pelos mais pobres, não só aumentando significativamente o salário mínimo e as prestações sociais convencionais e expandindo o emprego formal e com direitos, como introduzindo uma série de programas especiais, como o Fome Zero e depois a Renda Básica. O dinheiro distribuído aos pobres não é gasto em produtos de luxo importados, nem vai parar a offshores. Assim, quando dezenas de milhões deixaram de viver na pobreza mais extrema, a produção e comercialização de produtos populares para responder a esta nova procura dinamizou a economia de uma forma sólida e consistente. Por isso o Brasil foi um dos países que melhor resistiram aos impactos da grande crise actual.
A sua estratégia passa também pelo reforço das empresas estatais, estancando as privatizações e retomando a industrialização, reduzindo assim a importação de equipamentos. Defendem a redução dos impostos indirectos e a desoneração dos alimentos básicos e dos bens e serviços ambientais, valorizando a tributação directa e progressiva, especialmente sobre as grandes fortunas.
Distribuir para crescer, essa foi a fórmula do novo Brasil, hoje respeitado e admirado no mundo como nunca antes tinha sido. Não valeria a pena experimentarmos?
Comemorações do terrorista Nelson Mandela
Publicado em: O Gaiense, 20 de Fevereiro de 2010
Na semana que findou vivemos um generalizado entusiasmo comemorativo dos 20 anos da libertação de Nelson Mandela. Porém, pouco se falou dos motivos da sua prisão e ainda menos da absoluta falta de solidariedade de que foi vítima quando mais precisava dela, nomeadamente por parte de muitos dos que hoje se comovem com a sua história de vida. Em 1952, foi julgado por traição por conduzir o ANC a uma táctica de greves e boicotes. Quando o ANC foi proibido, passou à clandestinidade e criou a ala militar do movimento. Em 1962, foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados. Dois anos depois, a pena foi alterada para prisão perpétua, por acusação de acções terroristas e tentativa de derrube do governo. Anos mais tarde, foi-lhe oferecida a libertação se condenasse publicamente a acção violenta contra o governo. Recusou e, em consequência, continuou preso até 1990. Em 1993 recebeu o prémio Nobel e em 1994 foi eleito presidente. Não obstante, até 2008, o seu nome constou da lista de terroristas dos EUA, o que gerou inúmeros incidentes diplomáticos.
Os mais velhos lembrar-se-ão que “terrorista” era também a designação oficial do governo português para os movimentos de libertação das colónias e que muitos dos governantes africanos com que mais tarde construímos a CPLP foram assim chamados durante décadas.
E, segundo o governo indonésio, “terrorista” era também o grupo armado que, nas montanhas de Timor, insistia em manter viva a chama da esperança num país livre e independente.
“Terroristas” foram considerados os republicanos irlandeses que, na rua ou na prisão, resistiam contra a ocupação inglesa da sua pátria e que hoje são respeitados ministros de um governo de partilha e de paz.
Porventura a forma mais útil das comemorações da libertação de Mandela seria lembrar os que estão na prisão sofrendo o mesmo abandono que ele sofreu durante tantos anos, apelidados como ele de “terroristas” e cujo nome ignoramos, mas que amanhã talvez recebam um prémio Nobel e se revelem protagonistas da solução de velhos conflitos que hoje parecem causas perdidas, mas que a sua persistência e firmeza ajudará a resolver. Como fez Nelson Mandela.
Contra os ladrões, marchar, marchar... com o “Bloco do Pacotão”
O escândalo no Distrito Federal
A situação em Brasília está explosiva. Uma série de escândalos de corrupção ao mais alto nível no Distrito Federal levaram o chefe do governo, José Roberto Arruda, para a prisão; vários dos mais altos responsáveis políticos estão em vias de seguir o mesmo destino.
Segundo o que terá já sido apurado, “Arruda é acusado de comandar um esquema de propina que tinha como beneficiários deputados distritais, assessores e empresários, de acordo com as investigações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.
1 - O governador do DF, José Roberto Arruda, teria montado uma estrutura para arrecadar dinheiro de empresas fornecedoras do seu governo.
2 - A estrutura teria sido concebida pelo próprio Arruda através de uma planilha.
3 - A base do esquema estaria concentrada nas secretarias de educação e saúde e em contratos de serviço de informática do governo.
4 - Durval Barbosa seria um dos principais arrecadadores do esquema, indicado pela função pelo próprio Arruda.
5 - O gabinete de Durval teria se transformado num caixa de banco, procurado por diversas pessoas em busca de dinheiro vivo.
6 - Esta estrutura de corrupção beneficiaria assessores diretos do governador, deputados distritais e outros aliados.
7 - O governador José Roberto Arruda seria o maior beneficiário do esquema. Ele nega.
8 - O vice-governador Paulo Octávio foi citado como outro beneficiário do esquema. Ele nega.
9 - Oito secretários ou presidentes de órgãos do governo foram citados como beneficiários do esquema. A maioria foi exonerada.
10 - Nove deputados distritais ou ex-deputados foram citados como beneficiários do esquema.
11 - Os parlamentares são acusados de receber dinheiro em troca de sustentação política.
12 - O próprio presidente da Câmara seria beneficiário do esquema.
13 - Pelo menos um conselheiro do Tribunal de Contas do DF, encarregado de aferir a boa aplicação dos recursos públicos, estaria envolvido no esquema.
14 - Até a entidade filantrópica da mulher do governador foi apontada como beneficiária do esquema.
15 - Pela primeira vez na história, o grosso das denúncias se baseia de filmagens que mostram autoridades de Brasília e o próprio Arruda manuseando ou recebendo dinheiro.”
Prevê-se a abertura de processo por “falta de decoro parlamentar” contra três deputados - Leonardo Prudente, Eurídes Brito e Júnior Brunelli, que aparecem nos vídeos a receber maços de notas do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa.
Uma das características deste escândalo, que o torna tão especial e popular, é a existência desses vídeos com os actos de recepção e distribuição do dinheiro, que depois é guardado nas cuecas, nas meias, na mala. Há mesmo quem reze, agradecendo ao pagador. Verdadeiramente, só visto. O que pode ser feito em:
Não perca os grandes êxitos, todos disponíveis no mesmo site:
Escândalo no DF
Alcir Collaço coloca dinheiro na cueca
Prudente esconde dinheiro na meia
Odilon Aires: ‘Isto aqui é o paraíso’
Os vídeos foram anexados ao inquérito da Polícia Federal, que desencadeou a operação Caixa de Pandora na última sexta-feira antes do Carnaval, resultando no cumprimento de 29 mandatos de busca e apreensão em gabinetes de órgãos públicos, residências e empresas.
São alguns dos momentos desses vídeos e deste caso que são motivo das marchinhas dos blocos carnavalescos.
O Bloco do Pacotão
Marchei neste Carnaval com o Bloco do Pacotão, tido como o bloco carnavalesco mais tradicional e irreverente de Brasília. É conhecido pela sátira política - em plena ditadura militar (1964-1985) "homenageou" os generais ditadores e presidentes Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo.
Conta-se que a ideia do bloco foi germinando nos botequins da Brasília no fim da década de 70. O fascista Geisel tinha imposto o chamado "Pacote de Abril", leis que, entre outras coisas, fecharam o Congresso e criaram os senadores "biônicos". O bloco nasceu formalmente no verão de 1978 no Clube da Imprensa, frequentado por jornalistas, artistas e estudantes, com o pomposo (como convém) nome oficial de Sociedade Armorial Patafísica Rusticana, conhecida como Pacotão.
“Não era um clube chique, - diz um dos fundadores - era todo de madeira, mas reunia a elite intelectual da época. Isso incomodava”. Hoje mantém, orgulhosamente, “a alegria de um bloco pouco documentado, sem certidão passada em cartório ou firma reconhecida por Deus.”
Dizem que "como forma de protesto, o trajeto é feito sempre pela contramão. Os foliões costumam acompanhar a bagunça pelas pistas das W3 Norte e Sul, que atravessa todo o Plano Piloto e é uma das mais tradicionais avenidas de Brasília. Há também crianças, mulheres, gente fantasiada. São comuns os músicos, anônimos, se misturarem à multidão. Todos os anos, o Pacotão é assim.”
O percurso deste ano, desde a popular rua W3 Norte até à Asa Sul (a nomenclatura das artérias de Brasília tem um sistema muito peculiar), foi também feito em contramão, claro, explicando os bloquistas que “andar na direção contrária é uma tradição para o Pacotão já há 32 anos”.
Lê-se em Brasília que “O Pacotão é um bloco irreverente, autêntico, sem organização, sem a mínima ordem." Junta anjos e demónios.
Talvez por isso tenha parado em frente ao Hospital Sarah Kubitschek, onde uma série de doentes em camas e cadeiras, assistiam ao desfile no jardim.
O bloco tocou várias músicas e saudou a instituição que se mantém como uma referência de serviço público aos cidadãos, nestes tempos em que os grandes dos negócios tentam ganhar dinheiro à custa dos doentes.
As marchinhas
Com a prisão do governador na sexta-feira, não foi fácil em tão curto prazo fazer as letras das marchinhas, as camisolas, as faixas. Um dos fundadores do bloco e integrante da Comissão Desorganizadora, o cartoonista Joca Pavarotti, protestou contra esta falta de tempo para preparar o Carnaval, dizendo “somos jornalistas, trabalhamos em cima da notícia, mas desta vez fomos atropelados pelos acontecimentos, devíamos ter sido comunicados antes sobre a prisão de Arruda”.
Outro dos organizadores do desfile explica a simplicidade e rudeza das mensagens: "O bloco funciona como desaguador da insatisfação do povo, o escândalo do Arruda é nacional. Não usamos retórica, a ideia é cutucar a onça com vara curta mesmo". Como se pode constatar nestas marchas:
Ali Arruda e os 40 Durvais
(de Amâncio do Teclado)
Ali Babá não é mais quarenta não
Agora tem Arruda e a gangue do Mensalão (BIS)
Lá na Papuda já não tem mais condição
Pra guardar tanto bandido é ladrão (BIS)
Meia, cueca e panetone
Essa quadrilha rouba mais que Alcapone
Arrombaram a caixa de Pandora
(de Joka Pavaroti)
Fora, fora, fora Arruda!
Não adianta, chorar de novo
Arrombaram a caixa de Pandora
O povo está na rua, gritando Arruda Fora!
Rouba aqui, rouba acolá
Todo mundo metendo a mão
Após arrombar o cofre
Os meliantes ainda fazem oração
O careca é sua ganguê
Vão ter uma bela ceia
Arruda põe na sacola
Prudente esconde na meia
Durval botou a boca no trombone
Arruda cara de pau diz que era pro Panetone
Deu Pane Tony!
(de Garrincha, Derez e Paulo Chapa)
Alô Tony o Governo deu pane
Deu pane Tony deu paaaane
Deu dindim na meia véia
Deu bufunfa na cueca
Deu imagem de ladrão
Rezando aquela oração!
Alô Tony o Governo deu pane
Deu pane Tony deu paaaane
Ano de copa e eleição
Da carnaval com mensalão
Este homem - que bravata-
É um bandido Democrata!
O Carnaval chega ao fim. A noite está amena, mas amanhã é quarta-feira de cinzas e a vida volta à sua estranha normalidade.
Povo samba na rua, Governador samba na prisão
Brasília goza este ano um Carnaval muito especial: o Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acaba de ser preso e, em vez de presidir aos desfiles, vai ficar a dançar samba sózinho no calabouço deste quartel da Superintendência da Polícia Federal.
Vítima da operação Caixa de Pandora, o governador e outros políticos próximos dele foram literalmente apanhados com a mão na massa por uma câmara oculta, distribuindo maços de notas pelos bolsos, carteiras e mesmo nas meias. O Governador estará ainda envolvido no suborno à testemunha fundamental de um esquema de corrupção conhecido como Mensalão do Brasília. Arruda é apontado como chefe do esquema.
O vice-governador está agora a exercer o cargo interinamente, mas sobre ele recaiem já quatro processos de impeachment por actos de corrupção. Vários deputados estão também envolvidos. Há dúvidas sobre quem poderá vir a presidir às comemorações do cinquentenário da cidade no próximo mês de Abril.
Numa situação destas, Arruda é verdadeiramente o rei do Carnaval ou, melhor dizendo, o bombo da festa. Muitas notas facsímile foram impressas para ornamentar os disfarces. Alguns sambam vestidos de prisioneiros homenageando o Governador, sempre com as notas a acompanhar, ao lado, é claro, da famosa socialite com quem é casado.
O nome de Arruda está impresso em t-shirts e faixas com os mais variados comentários. A corrupção e a luta contra ela é o grande tema do Carnaval de Brasília.
Desfilando na avenida, as freiras e anjas são mais sexies do que habitualmente.
Domingo é dia de ir à missa, mesmo para um ateu (parte 4 de 4)
A etapa final da nossa visita dominical às igrejas de Brasília acabou na mais célebre de todas, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida como Catedral de Brasília, uma das grandes obras de Oscar Niemeyer, imponente e leve, com os seus 70 metros de diâmetro e os seus16 pilares hiperbólicos. É justo lembrar o responsável pelo cálculo desta magnífica estrutura, o engenheiro Joaquim Cardozo.
Porém, como acontece com o Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes, o Teatro Nacional e outros pontos chave da capital, a Catedral está agora em obras, preparando-se para aparecer de cara lavada na festa do cinquentenário de Brasília no próximo dia 21 de Abril. Não era permitido o acesso.
Vendo a catedral assim toda embrulhada de branco, imaginamos que poderíamos estar perante mais uma instalação de Christo and Jeanne-Claude, aqueles artistas que embrulham edifícios, como fizeram, por exemplo com o Bundestag em Berlim.
Jeanne-Claude, companheira de toda a vida de Christo, morreu no passado mês de Novembro. Eles tinham feito um pacto: quando algum deles morresse, o outro garantiria que a obra dos dois continuava. Este embrulho da bela Catedral de Niemeyer poderia muito bem ser o mais belo presente póstumo de Christo à sua Jeanne. Encaremos o contratempo das obras desta maneira para sentirmos que estamos a ver a Catedral como ela nunca foi vista antes, toda vestida de branco, elegante como sempre.
Na praça de acesso ao templo, encontram-se quatro esculturas em bronze com três metros de altura, do escultor Dante Croce, representando os evangelistas.
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De qualquer modo, aqui fica o registo da Catedral em fotos de arquivo.
O enorme vitral da cobertura da nave criado por Marianne Peretti e as esculturas suspensas de três anjos de Alfredo Ceschiatti, com a colaboração de Dante Croce.
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Terminada a via sacra, é tempo de descanso, que amanhã é Carnaval e a outras divindades se deve prestar o culto.
Domingo é dia de ir à missa, mesmo para um ateu (parte 3 de 4)
Continuamos esta nossa via sacra dominical visitando o Templo da Boa Vontade, que corresponde a um conceito diferente dos templos anteriores: este visa promover o ecumenismo sem restrições, é um templo que a Legião da Boa Vontade pretende destinado a todos os credos e todas as filosofias, estando aberto 24 horas por dia.
A parte do complexo que constitui o templo propriamente dito é constituída por uma pirâmide com 7 faces, com 21 (7x3) metros de altura e 28 (7x4) metros de largura na base. No topo da pirâmide encontra-se um enorme cristal.
O piso do templo está pavimentado em forma de espiral dupla, a branco e preto, sendo previsto que os visitantes percorram delcalços a faixa preta no sentido contrário aos ponteiros do relógio, para chegarem ao centro e receberem a luz do cristal, regressando então no sentido inverso, conforme os ponteiros do relógio, já iluminados, percorrendo a faixa branca.
O conjunto inclui também salões, memoriais, jardins, auditório (o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecuménica – Parlamundi da LBV)
e uma galeria de arte, de onde destacamos esta “anja” grávida voadora.
Uma série de retratos conjuntos de personalidades mundiais atesta o ecumenismo da LBV. Nele se pode encontrar de tudo, de Cristo a Marx e John Lennon. Neste quadro, para além dos fundadores e projectistas de Brasília, temos, entre outros, a Madre Teresa e o Infante D. Henrique.
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Perto deste complexo da LBV situa-se o cemitério da Asa Sul da cidade, chamado Campo da Esperança, com uma implantação em forma de caracol. No seu projecto, Lúcio Costa o pretendia os cemitérios com "chão de grama e convenientemente arborizados, com sepulturas rasas e lápides singelas, à maneira inglesa, tudo desprovido de qualquer ostentação", muito diferente da nossa tradição, onde abundam as capelas e os túmulos mais figurativos.
Domingo é dia de ir à missa, mesmo para um ateu (parte 2 de 4)
Seguidamente fomos no Santuário Dom Bosco, uma admirável obra dos arquitectos Betinho Naves e Richard Lima.
Na grande nave sem pilares, uma estrutura de betão capaz de encantar qualquer engenheiro (veja também, mais abaixo, o pormenor na foto do lustre), uma extensão de 2200 m2 de vitrais, obra de Cláudio Naves, coam a luz através de 12 matizes de azul e, nos quatro cantos, em tons de lilás/roxo, o que dá ao local uma atmosfera absolutamente única.
Um confessionário transparente, apenas uma caixa fechada de vidro com duas cadeiras, eis um conceito muito afastado dos confessionários tradicionais, onde os intervenientes são supostos não se olharem cara a cara.
A luz azulada é complementada por um enorme lustre formado por 7400 peças de vidro de Murano, obra de Alvimar Moreira.
Na missa, o bispo e demais sacerdotes celebram em torno de um altar constituído por um bloco maciço de mármore rosa.
Nestas portas da fachada principal, de autoria de Cerri, um alto relevo de bronze representa o sonho de Dom Bosco que, em 1883, relatou que tinha sonhado que: “Entre os paralelos de 15º e 20º (onde hoje está Brasília) havia uma depressão bastante larga e comprida, partindo de um ponto onde se formava um lago. Então, repetidamente, uma voz assim falou: ...quando vierem escavar as minas ocultas, no meio destas montanhas, surgirá aqui a terra prometida, vertendo leite e mel. Será uma riqueza inconcebível...” Este sonho foi mais tarde interpretado como uma premonição de Brasília e este italiano do Piemonte é hoje considerado o padroeiro da cidade.
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