Publicado em: O Gaiense, 9 de Junho de 2012
Esta semana tive uma reunião com a administração do Aeroporto de Copenhague e com o principal sindicato representativo dos 22 000 trabalhadores de muitas empresas diferentes que ali trabalham. De acordo com o modelo social dinamarquês, os trabalhadores do aeroporto participam na definição das decisões que os afectam e os empregos são minimamente decentes e com direitos. O resultado são melhores salários, mais produtividade, mais respeito por todos e melhor ambiente de trabalho.
Aqui fica um pormenor ilustrativo de como funciona: quando uma empresa começa a trabalhar no aeroporto (e isto é válido para uma pequena loja, para serviços de limpeza ou para uma companhia aérea que ali estabeleça base operacional) recebe uma carta do sindicato dando as boas-vindas e convidando-a para uma reunião com vista a decidir o acordo de trabalho dos funcionários que ali irão operar. Nessa carta informam que, se não aceitarem o convite, ou se da reunião não resultar um acordo, ficam desde já notificados, nos termos da lei dinamarquesa, para acções de luta e bloqueio da sua actividade.
E as empresas sabem que os sindicatos na Dinamarca funcionam mesmo e que a lei não facilita a vida a quem não respeita as regras de concertação. Que o diga a administração da Ryanair, campeã no tratamento indigno dos trabalhadores, aos quais proíbe mesmo de se sindicalizarem. Quando recentemente aterrou um avião para transportar a direcção da empresa para uma reunião com as autoridades aeroportuárias, viu os trabalhadores do aeroprto recusarem realizar os serviços normais às aeronaves, incluindo reabastecer, e tiveram de usar o resto do combustível para irem à vizinha cidade sueca de Malmö encher o depósito para poderem ir para casa.
Sem comentários:
Enviar um comentário