Da arte de bem receber visitantes estrangeiros




Publicado em: O Gaiense, 3 de Novembro de 2012

Nos próximos dias, Portugal vai estar no centro da política europeia. Angela Merkel chega no dia 12 mas, três dias antes, na sexta-feira 9 à noite, vêm expressamente falar aos portugueses sobre os mesmos temas quatro destacados líderes da outra Europa, a das alternativas contra a austeridade e as troikas: estará em Lisboa aquele que muitos desejam (e alguns receiam) que venha a ser o próximo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, presidente do Syriza, partido que continua em primeiro lugar em sucessivas sondagens; com ele estará também Jean-Luc Melenchon, presidente do Parti de Gauche francês, e recentemente candidato presidencial do Front de Gauche; de “nuestros hermanos”, trazendo até nós os ecos das ruas de toda a Espanha  onde se enfrenta corajosamente a mesma austeridade que nos arruina, virá o coordenador federal da Esquerda Unida Cayo Lara; ouviremos também uma outra forma de falar alemão, a de Gabi Zimmer, presidente do grupo parlamentar europeu GUE/NGL e membro do Die Linke, que nos trará a solidariedade do povo alemão, também ele vítima das políticas da senhora Merkel.

Algo de muito especial tem de estar a passar-se na Europa para que quatro dirigentes de topo de quatro países chave desta crise se decidam a vir falar aos portugueses nas vésperas da chegada da principal porta-voz do fanatismo austeritário. No dia 14, pela primeira vez na história da UE, os povos de vários países realizam greves e manifestações simultâneas, mostrando aos poderosos que sabem que a origem dos problemas é comum e que a sua política de dividir para reinar pode ter os dias contados.

A reunião dos líderes da luta contra a austeridade é aberta ao público e todos são bem-vindos. Quanto à recepção à chanceler alemã, parece que se preparam alguns entraves à participação popular. Mas os portugueses, orgulhosos da sua tradicional hospitalidade, não deixarão de os receber a todos como eles merecem.

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