Publicado em: O Gaiense, 24 de Setembro de 2011
Se o leitor ou a leitora chegasse a uma estação de serviço numa autoestrada e encontrasse nos lugares de estacionamento mais próximos da entrada do restaurante não apenas a habitual placa indicando que esses lugares são reservados para deficientes, mas duas placas, uma indicando que metade desses lugares são reservados para deficientes e uma segunda indicando que a outra metade é reservada para mulheres, certamente que não resistiria a fazer umas piadas de mau gosto sobre a qualidade da condução feminina. Pois bem, na Alemanha ou na Áustria essas placas existem.
Foi notícia, há algum tempo, a criação, num centro comercial da China, de uma zona de estacionamento só para mulheres, com os lugares pintados de cor-de-rosa com largura superior ao normal, para as mulheres conseguirem estacionar sem esmurrar o carro ao lado. Mas na Alemanha, na Áustria e noutros países europeus, a razão da reserva dos lugares só para mulheres em garagens e parques de estacionamento públicos é bem diferente. Resultou de uma exigência dos movimentos de defesa dos direitos das mulheres tendo em vista melhorar as condições de segurança das muitas mulheres que viajam sozinhas, diminuindo os riscos de assaltos que se verificavam, sobretudo à noite, quando deixavam o carro a grandes distâncias da saída ou dos equipamentos a que pretendiam aceder.
Não é, pois, uma aviltante declaração de incompetência automobilística como a outra, mas antes uma medida positiva de defesa da autonomia e da liberdade de circulação das mulheres, respeitando o seu direito a não serem incomodadas. O lugar de estacionamento das mulheres é aquele porque, seja de dia, seja de noite, o lugar das mulheres não é em casa, é onde elas livremente quiserem estar.
Sem comentários:
Enviar um comentário