Publicado em: O Gaiense, 27 de Agosto de 2011
Depois do milionário norte-americano Warren Buffett (que pagou em 2011 apenas 17,4% de impostos, metade da taxa a que foram sujeitos muitos dos seus empregados) ter sugerido um aumento de impostos sobre os rendimentos mais elevados, vieram os milionários franceses pedir também para serem chamados à partilha de sacrifícios, a fim de contribuírem para o fim da actual crise. O governo Sarkozy, sempre sensível aos apelos da sua gente, anunciou prontamente a criação de um imposto extraordinário de 3% sobre os rendimentos superiores a 500 mil euros anuais.
A decisão, apresentada como temporária, vai render ao Estado francês, em 2012, 200 milhões de euros. Parece muito dinheiro, mas é uma mera gorjeta em comparação com os 1800 milhões que foram entregues aos mesmos afortunados nos últimos anos com as isenções introduzidas pela reforma Sarkozy do imposto sobre as fortunas.
Uma grande diferença entre Sarkozy e Passos Coelho é que o primeiro vai ter eleições a curto prazo. Os franceses ultra-ricos, que costumam financiar as suas acções de campanha, estão desta vez financiar um argumento de campanha, que vai seguramente ser usado até à exaustão nos discursos eleitorais do presidente. Os ricos até podem estar a pagar a campanha mas, lá como cá, tudo indica que ainda não é desta que vão pagar a crise, como pedia o velho slogan.
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