Tempo de reação


Publicado em: O Gaiense, 15 de Outubro de 2011
A aprovação, esta semana, pela Eslováquia, do reforço e flexibilização do fundo de resgate conhecido como FEEF, encerrou o processo de ratificação entre os 17 países da Zona Euro. Barroso já estava a ficar desesperado. Esta alteração de emergência, de resposta ao agravamento da crise, foi pedida pela Comissão Europeia em Janeiro deste ano. A 21 de Julho, foi aprovada na cimeira dos governos da zona euro. Agora, em Outubro, terminou o processo de ratificação.
No fim da cimeira de Julho, Barroso tinha proclamado: “É a primeira vez desde o início da crise que podemos afirmar que a política e os mercados estão a unir-se”. No entanto, enquanto “a política” consome dez meses a reagir a uma emergência, “os mercados” fazem-no com um clique no teclado. Estarão portanto “a unir-se” duas realidades que vivem em mundos completamente diferentes e contraditórios.
Para resolver esta contradição, muitos propõem que a decisão política assuma uma velocidade comparável à dos mercados, só assim podendo reagir em tempo útil. O problema é que isso implica abandonar os procedimentos democráticos de deliberação e as prerrogativas que os órgãos representativos eleitos têm no processo de tomada destas decisões que afectam as nossas vidas de uma maneira tão profunda. É um dilema sério. A posição que cada um tem face a este dilema, embora frequentemente não seja expressa, é contudo fulcral no debate político e ideológico em curso na Europa.

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