Publicado em: O Gaiense, 22 de Outubro de 2011
Na quinta-feira, em Bruxelas, uma grande tenda estava montada, bandeirinhas distribuídas, Barroso e alguns responsáveis da Agência Espacial Europeia mobilizados para a cerimónia que acompanharia em directo, segundo a segundo a partir das 12:34:00, o lançamento em Kourou dos primeiros satélites operacionais do sistema Galileo. Mas os problemas na Soyuz-2 estragaram a festa.
Estes satélites chamam-se Thijs e Natalia, as crianças belga e búlgara que ganharam o concurso de desenhos sobre temas espaciais. Os restantes terão também nomes de crianças de 9 a 11 anos dos outros países da UE, escolhidas da mesma forma; um satélite vai, assim, ter nome português.
Apesar destes atrasos, no coração do sistema Galileo estão os seus relógios hiper-exactos de rubídio e de hidrogénio, tendo estes últimos uma precisão que não admite um erro superior a um segundo por cada 2,7 milhões de anos. Um rigor assinalável, mas que é fundamental, já que o sistema de posicionamento terrestre com aproximação de um metro se baseia em medições do tempo que demora a chegar aos satélites um sinal que viaja a partir dos nossos automóveis ou telemóveis a uma velocidade próxima dos 300 000 km/s.
Este rigor e esta velocidade do sistema europeu de navegação por satélite contrasta brutalmente com a falta de rigor e a lentidão com que têm sido dadas as respostas à crise económica. Por este andar, poderemos vir a ter na UE um excelente serviço GPS que nos custou 5 mil milhões, mas depois não o rentabilizarmos por não termos a quantidade suficiente de cidadãos e empresas com disponibilidade para o usar. Ter a cabeça nas estrelas e os pés na terra é uma bela imagem, o problema é quando os pés são de barro...
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