Quando a Europa mais precisava de ideias claras e verdadeira União, o que temos são discursos dissonantes, propostas sem sentido, alguns bloqueios assumidos e outros silenciosos. Barroso escreveu aos chefes de governo salientando que a crise deixou de ser apenas da periferia e alertando para o facto de os mercados não estarem convencidos de que a UE esteja a dar os passos necessários. O ministro das Finanças da Polónia disse que a UE pode colapsar por falta de solidariedade se as elites europeias, nomeadamente da Alemanha, não assumirem a salvação do euro, por mais elevado que seja o custo dessa opção, que não é económica, mas política. Merkel descartou a mutualização das dívidas europeias através da emissão dos eurobonds, proposta que estava a ganhar apoio crescente nos mais variados sectores e correntes de opinião.
Esta semana, numa reunião da Comissão de Economia do Parlamento Europeu, o Comissário Olli Rehn interrogou-se sobre se os Estados-Membros estarão mesmo dispostos a assumir as consequências para a sua soberania dessa mutualização das dívidas soberanas. O chefe o eurogrupo, Jean-Claude Juncker, presente na mesma reunião, comentou com ironia a proposta de Merkel e Sarkozy de um governo económico da zona euro ao nível de chefes de Estado que se reuniria duas vezes por ano, como se fosse possível que, por encanto, o planeta, num misto de surpresa e admiração, se fosse ajoelhar, expectante, perante estas reuniões bianuais. O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, também presente, lembrou que a segunda ajuda à Grécia, decidida em 21 de Julho, continua à espera de que se desenlacem os nós das condições de última hora colocadas por alguns dos Estados que assinaram a decisão, mas ainda não completaram o processo institucional de deliberação.
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