Suíça, um Estado pária?



Publicado em: O Gaiense, 15 de Agosto de 2009

Um complicado imbróglio jurídico opõe os Estados Unidos da América à Suíça, por via de um contencioso com o banco UBS, por onde dezenas de milhares de americanos ricos movimentam fortunas em evasão fiscal. O IRS dos EUA detectou fugas maciças de capitais para offshores geridos pelos suíços. Em tribunal, o UBS foi intimado a fornecer informação sobre esses movimentos.

Mas o governo suíço opôs-se e chegou a ameaçar o UBS de represálias se este obedecesse ao Tribunal americano e se dispusesse a entregar às autoridades fiscais os dados dos clientes sob investigação. Mencionou mesmo a hipótese de fazer uma apreensão forçada desses dados do banco para evitar a sua entrega.

O UBS tem hoje mais funcionários na América do que na própria Suíça e a acção de milhares de angariadores de fundos foi considerada hostil e mesmo ilegal pelas autoridades dos EUA. Este caso está a ter enormes repercussões. Os outros bancos que fazem operações offshore, e que encaravam os milionários americanos como clientes dos mais desejáveis, estão com receio do que possa ser a nova política dos EUA e estão a evitar este tipo de negócios naquele país.

A Suíça vive da lavagem de dinheiro sujo de todo o mundo (incluindo Portugal, como se sabe). A importância deste negócio, e do segredo bancário que o permite, é de tal ordem que leva o próprio Estado suíço a intervir para defender a fuga ao fisco dos depositantes estrangeiros. O que faz da civilizada e rica Suíça um Estado pária na cena financeira internacional, parceiro complementar e indispensável dos outros Estados párias, que todos condenam por permitirem ou praticarem o tráfico de droga, de armas ou de pessoas.

Este caso está a mostrar também que não é impossível as autoridades fiscais e judiciais actuarem com sucesso contra a fraude em grande escala. Basta uma real determinação, muita vontade e coragem. Que é o que tem faltado. Lá fora como cá dentro.

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Edição em galego publicada em: Altermundo / Galicia Hoxe, 30-08-2009:

Suíza, un estado paria?

Suíza vive do lavado de diñeiro lixoso de todo o mundo -incluíndo Portugal, como se sabe. A importancia deste negocio, e do segredo bancario que o permite, é de tal orde que leva o propio Estado suízo a intervir para defender a fuga fiscal dos depositantes estranxeiros.
Un complicado envurullo xurídico enfronta os Estados Unidos de América (EUA) con Suíza, a causa dun contencioso co banco UBS, por medio do cal decenas de miles de americanos ricos moven fortunas en evasión fiscal. O IRS dos EUA detectou fugas masivas de capitais para offshores xestionados polos suízos. No tribunal, o UBS foi requirido a fornecer información sobre eses movementos.

Mais o goberno suízo opúxose e chegou a ameazar o UBS de represalias se este obedecese ao Tribunal americano e se dispuxese a entregar ás autoridades fiscais os datos dos clientes baixo investigación. Mencionou mesmo a hipótese de facer unha aprehensión forzada deses datos do banco para evitar a súa entrega.

O UBS ten hoxe máis funcionarios na América que na propia Suíza e a acción de milleiros de representantes de fondos foi considerada hostil e mesmo ilegal polas autoridades dos EUA. Este caso está a ter enormes repercusións. Os outros bancos que fan operacións offshore, e que fixan a vista nos millonarios americanos como clientes dos máis desexábeis, están con receo do que poida ser a nova política dos EUA e están a evitar este tipo de negocios naquel país.

Suíza vive do lavado de diñeiro lixoso de todo o mundo -incluíndo Portugal, como se sabe. A importancia deste negocio, e do segredo bancario que o permite, é de tal orde que leva o propio Estado suízo a intervir para defender a fuga fiscal dos depositantes estranxeiros. O que fai da civilizada e rica Suíza un Estado paria na escena financeira internacional, socio complementario e indispensábel dos outros Estados parias, que todos condenan por permitiren ou practicaren o tráfico de droga, de armas ou de persoas.

Este caso está a demostrar tamén que non é imposíbel que as autoridades fiscais e xudiciais actúen con éxito contra a fraude a grande escala. Basta unha real determinación, moitas gañas e coraxe. Que é o que ten faltado. Tanto alí fóra como acó dentro.

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