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Texto do Manuel António Pina sobre o Coliseu


Na conversa sobre o Manuel António Pina em que participei na Feira do Livro do Porto, cujo vídeo está disponível no post anterior, li um pequeno texto do MAP que é de difícil acesso. 

Respondendo a vários pedidos que recebi, aqui o disponibilizo para acesso público, com uma explicação: o texto é de 1995, foi escrito a propósito da grande luta que mobilizou as gentes do Porto contra a venda do Coliseu à IURD e cuja vitória permitiu que ainda hoje tenhamos a nossa grande sala de espectáculos como uma referência cultural da cidade.

A propósito dessa luta muita tinta correu. Destacados juristas, poetas e outros intelectuais se pronunciaram diabolizando ou ridicularizando quem se batia em defesa do Coliseu. É a esses ilustres detractores que o Pina responde neste texto, que foi publicado no número especial da revista Porto de Encontro totalmente dedicado a esta luta vitoriosa, publicado em Setembro de 1995 (cuja capa acima se reproduz).

O texto é o seguinte:


AFRONTA e AFRONTAMENTO

Há pessoas que não compreendem, pessoas excessivamente seguras daquilo que aprenderam nas faculdades sobre Direito e sobre Estado de Direito e sobre a chamada lei da oferta e da procura. Só que há por aqui, no unânime “O Coliseu é nosso!”, gritado na rua por gente que, como o outro, também não percebe nada de Finanças nem consta que tenha biblioteca, uma grande e desrazoável razão que não se aprende em faculdade nenhuma. Uma razão fundadora (olhem para as orelhas deles, escandalizadas e espetadas!) do próprio Direito, sem cujo desordenado sangue o Direito seria apenas um seco, duro e estéril monte de fórmulas e de princípios, onde só trepariam os astutos e os sabidos. Podem tais pessoas estar certas de que quando milhares de gargantas, perante a afronta iminente, gritavam aqui à porta: “Não há direito!”, não era no Código Civil que estavam a pensar!

UM REGRESSO (a pedido) ao Manuel António Pina

Um regresso (feito a pedido) a memórias incompletas de algumas actividades realizadas em conjunto com o Manuel António Pina.


Tem aqui o link para o pdf:

Um regresso

31 de Janeiro - Um cartaz de Manuel António Pina, Germano Silva e João Botelho


 


Mergulhando no arquivo em dias de chuva e confinamento, e porque faz hoje 130 anos a revolta republicana do 31 de Janeiro no Porto, trago-vos uma peça interessante que os mais novos certamente não conhecerão: um cartaz comemorativo do centenário (feito em 1991, portanto), com textos do Manuel António Pina e do Germano Silva e colagens do João Botelho. 

Foi um trabalho produzido para a Câmara Municipal do Porto, no âmbito das extensas comemorações do centenário que tiveram lugar na cidade. A nova vereação tinha sido eleita no ano anterior, o novo presidente era Fernando Gomes e a vereadora da Cultura era Manuela Melo.



















































Manuel António Pina e a publicidade da Apple

Como já referi noutros posts deste blog que levam a etiqueta "Manuel António Pina", tentarei publicar aqui alguns textos publicitários que o poeta fez quando trabalhávamos juntos nesta actividade. 

Aqui fica mais um, este de uma campanha da Apple (que fizemos também com uma pintura do José de Guimarães) em que o Pina, no seu estilo genial e inconfundível, se afasta completamente da tradicional secura tecnológica da publicidade de informática que se fazia em Portugal, nomeadamente da que a Apple fazia antes de trabalhar connosco.




 

[ Elementos retirados de um velho fotolito K (preto) de uma peça em CMYK (quadricromia) ]



Sobre a origem e os termos da colaboração do Pina na publicidade, pode encontrar uma explicação no programa da RTP "NADA SERÁ COMO DANTE", disponível em RTP Play - Nada Será Como Dante - Episódio n.º14 - temporada 1 (https://www.rtp.pt/programa/tv/p37701/e14).

Sobre a nossa relação pessoal com os Mac e o que a Apple significava em Portugal e noutros países há 30 anos, muito haveria a dizer, mas não cabe neste post. Pode ver o tom e o ambiente da disputa da Apple com o estabelecido e dominante mundo dos PC na série de vídeos "- Hello, I'm a Mac. - And I'm a PC." em https://www.youtube.com/watch?v=0eEG5LVXdKo

Manuel António Pina - um texto publicitário

(No dia de mais um aniversário e da sessão evocativa organizada pelo "Clube dos Amigos à Espera do Pina", em que foi lido este texto)


Esta é uma peça de uma das muitas campanhas publicitárias que fiz com o Pina e que inclui um pequeno texto da sua autoria.

Esta campanha de 1991 foi feita, como várias outras, em colaboração com o pintor e escultor José de Guimarães.









Livros de Manuel António Pina que nunca estiveram à venda - 2



Em continuação de post anterior, aqui vos deixo imagens de um outro livro, que publicámos em 1993: "Farewell Happy Fields".







Livros de Manuel António Pina que nunca estiveram à venda - 1



Há vários livros do Manuel António Pina que nunca estiveram à venda.

Entre 1991 e 2000, publiquei com o Pina uns pequenos livros de poemas seus, que destinávamos exclusivamente a ofertas pessoais.

Fazíamos normalmente uma edição dupla de cada livro, com capa ligeiramente diferente, ficando metade da edição para ele e metade para mim.

Em cada livro inclui-se sempre a reprodução de uma obra de um artista plástico.



O primeiro desses livros foi feito no Natal de 1991, com o título “Um sítio onde pousar a cabeça”. Fizemos 100 exemplares para o Pina e 100 para mim.

Incluímos um retrato do Manuel António Pina pintado por José de Guimarães, artista com o qual tínhamos uma excelente colaboração, tendo realizado nessa época várias campanhas publicitárias que utilizavam pinturas ou esculturas suas e para as quais o Pina escrevia os textos.

Lembro-me (com numa memória já um bocado enevoada) que, num programa de televisão em que se fazia o balanço literário do ano que acabava, o Arnaldo Saraiva referiu que este era um dos melhores livros publicados nesse ano.

Não imaginam a confusão que se gerou porque, sendo o Manuel António Pina um autor muito conhecido, quase ninguém conhecia o livro; várias pessoas e algumas livrarias lhe telefonaram a perguntar como poderiam obter o livro, qual era a editora, quem distribuía...

O Arnaldo Saraiva tinha recebido o livro como oferta de Natal do Pina que, como ele dizia na dedicatória, o tinha ido “meter por aí, pelos marcos de correio da cidade, evadindo-me dessa espécie de orfanato que os poemas inéditos são”.





Farewell happy poet


Morreu uma das pessoas de que mais gostei em toda a vida.


Em breve (quando regressar a Portugal e ao confuso arquivo de memórias) tentarei trazer-vos aqui um ou outro texto do Manuel António Pina, daqueles que nunca foram publicados em livro. 

Foram escritos ao longo de vários anos de trabalho conjunto, nas longas noites em que, charuto atrás de charuto, e pelo meio da ininterrupta e fascinante corrente da sua conversa sobre tudo, tentávamos criar peças publicitárias que nos agradassem a nós antes de agradarem aos clientes e aos clientes dos clientes.

Foi com ele, nessas noites em branco, que comecei a fumar charutos. Agora tenho ainda menos vontade de os largar.


A um Homem do Passado
Estes são os tempos futuros que temia 
o teu coração que mirrou sob pedras, 
que podes recear agora tão fundo, 
onde não chegam as aflições nem as palavras duras? 
Desceste em andamento; afinal era 
tudo tão inevitável como o resto. 
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se 
da tua vista os bons e os maus momentos. 
Tu ainda tinhas essa porta à mão. 
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.) 
Agora já não é possível morrer ou, 
pelo menos, já não chega fechar os olhos. 
Manuel António Pina, in "Nenhum Sítio"

Algumas das prendas que nos deixou:
1973 - "O país das pessoas de pernas para o ar" (lit. infanto-juvenil)
1974 - "Ainda não é o fim nem o princípio do Mundo, calma é apenas um pouco tarde" (poesia)
1974 - "Gigões & anantes" (lit. infanto-juvenil)
1976 - "O têpluquê" (lit. infanto-juvenil)
1978 - Aquele que quer morrer (poesia)
1981 - "A lâmpada do quarto? A criança?" (poesia)
1983 - "O pássaro da cabeça" (poesia)
1983 - "Os dois ladrões" (teatro)
1984 - "Nenhum sítio" (poesia)
1984 - "História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas" (lit. infanto-juvenil)
1985 - A guerra do tabuleiro de xadrez(lit. infanto-juvenil)
1986 - Os piratas(ficção)
1989 - "O caminho de casa" (poesia)
1987 - "O inventão" (teatro)
1991 - Um sítio onde pousar a cabeça (poesia)
1992 - "Algo parecido com isto, da mesma substância" (poesia)
1993 - "Farewell happy fields" (poesia)
1993 - "O tesouro" (lit. infanto-juvenil)
1994 - "Cuidados intensivos" (poesia)
1994 - "O anacronista" (crónica)
1995 - O meu rio é de ouro /Mi rio es de oro (lit. infanto-juvenil)
1998 - "Aquilo que os olhos vêem, ou O Adamastor" (teatro)
1999 - Nenhuma palavra, nenhuma lembrança (poesia)
1999 - "Histórias que me contaste tu" (lit. infanto-juvenil)
2001 - "Atropelamento e fuga" (poesia)
2001 - "A noite" (teatro)
2001 - "Pequeno livro de desmatemática" (lit. infanto juvenil)
2002 - "Poesia reunida" (poesia)
2002 - "Perguntem aos vossos gatos e aos vossos câes" (teatro)
2002 - "Porto, modo de dizer" (crónica)
2003 - Os livros (poesia)
2003 - "Os papéis de K." (ficção)
2004 - "O cavalinho de pau do Menino Jesus" (lit. infanto-juvenil)
2005 - "Queres Bordalo?" (ficção)
2005 - "História do Capuchinho Vermelho contada a crianças e nem por isso por Manuel António Pina segundo desenhos de Paula Rego" (lit. infanto-juvenil)
2007 - "Dito em voz alta" (entrevistas)
2008 - "Gatos" (poesia)
2009 - "História do sábio fechado na sua biblioteca" (teatro)
2010 - "Por outras palavras e mais crónicas de jornal" (crónica)
2011 - "Poesia, saudade da prosa" (antologia poética)
2011 - "Como se desenha uma casa" (poesia)
2012 - "Todas as palavras /Poesia reunida" (poesia)