Publicado em: O Gaiense, 2 de Outubro de 2010
A Europa popular saiu à rua. Em Bruxelas, sindicatos vindos dos quatros cantos da Europa, representando todas as profissões, sindicatos de esquerda, outros nem tanto, sindicatos cristãos e sindicatos liberais, todos uniram as suas vozes contra as medidas de austeridade promovidas pelos vários governos e pela União Europeia.
A Europa popular saiu à rua. Em Bruxelas, sindicatos vindos dos quatros cantos da Europa, representando todas as profissões, sindicatos de esquerda, outros nem tanto, sindicatos cristãos e sindicatos liberais, todos uniram as suas vozes contra as medidas de austeridade promovidas pelos vários governos e pela União Europeia.
Os partidos políticos não ficaram indiferentes a este protesto, nem podiam, porque quem decide as medidas a aplicar, seja a nível nacional, seja na UE, são os políticos que os partidos apresentam a sufrágio. O simples facto de estar ou não estar na manifestação diz algo sobre cada partido. Os partidos de direita, em Portugal como em Bruxelas, não estiveram. Os partidos da esquerda estiveram. Até aqui tudo normal. Mas no que se refere ao Partido Socialista já não é bem assim. Em Portugal, o PS era mesmo um alvo do protesto mas, em Bruxelas, o Partido Socialista Europeu marcou claramente a sua presença. O presidente do PSE pronunciou-se contra as medidas de austeridade que estão a ser tomadas mais ou menos brutalmente por todo o lado.
( Delegação do PSE / PES na manif de Bruxelas )
No folheto que distribuíram na manifestação, os Socialistas Europeus afirmam: "Há duas formas de consolidar um orçamento: reduzir as despesas ou aumentar as receitas. Os Conservadores escolheram os cortes. Nós escolhemos aumentar as receitas" (...) "não à custa do povo, mas do capital, taxando as actividades socialmente prejudiciais e lutando contra a especulação."
Ouvindo o primeiro-ministro de Portugal, nesse mesmo dia, anunciar o que anunciou, percebemos que está certamente no lote dos que o PSE considera "Conservadores" e cujas medidas de austeridade devem merecer o combate dos socialistas. Talvez por isso, a manifestação europeia tenha tido destaque na primeira página do sítio internet do PSE, mas tenha estado completamente ausente da página do PS.
Resta saber se estamos perante uma real fractura entre os "socialistas progressistas" que lutam contra os planos de austeridade e os "socialistas conservadores" que os promovem quando estão ao governo, ou se estamos perante uma gigantesca campanha de publicidade enganosa dirigida às vítimas da austeridade para que continuem a votar alegremente em quem as castiga de forma tão dura.