Publicado em: O Gaiense, 29 de Setembro de 2012
Reúne-se este fim-de-semana em Bruxelas o congresso do Partido
Socialista Europeu (PSE). Eu sei que, apesar da chamada de atenção para a
importância dos partidos europeus feita por Durão Barroso no seu último
discurso do estado da União, pouca gente está interessada em saber o que são e
o que fazem os partidos europeus. Fazem mal. Muito se critica as políticas da
União Europeia, e muito justamente, mas pouco se ouve criticar a organização
política que as define e leva à prática: o Partido Popular Europeu (PPE), ao
qual pertencem Angela Merkel, Sarkozy, Berlusconi, o primeiro-ministro grego
Samaras, o espanhol Mariano Rajoy, Passos Coelho, Paulo Portas e ainda o
presidente da Comissão, Durão Barroso, e o presidente do Conselho Europeu,
Herman Van Rompuy, entre outras tantas personalidade do mesmo calibre. A UE,
como os países, é dirigida por líderes partidários. Actualmente, é dirigida
pelo PPE.
É verdade que o PSE tem participado, como parceiro menor, na
desgraçada política que trouxe a Europa ao estado em que está: é a ele que
pertence o PASOK, que governou a Grécia e hoje participa na coligação
governamental, o Tony Blair da guerra do Iraque, é a ele que pertencem Sócrates
e Zapatero, que deixaram Portugal e Espanha no estado que se sabe. O PSE tem
votado sempre, nas instituições europeias, a favor das grandes decisões
políticas e Tratados propostos pelo PPE.
Muitas vezes se apresenta a UE como uma instituição
distante, dirigida por obscuros tecnocratas não eleitos. É verdade que os há,
que têm poder, que os lóbis financeiros e empresariais exercem por esta via uma
influência importante em decisões pouco claras. Mas quem chefia directamente os
tecnocratas e lhes dá poder são os políticos eleitos. É o PPE que hoje comanda toda
a política europeia, são os políticos do PPE que estão a destruir a Europa. E não
haverá saída para a crise sem que os europeus os retirem dos postos de comando.