Publicado em: O Gaiense, 22 de Março de 2008
Este ano celebra-se o 10.º aniversário do Código de Conduta da UE relativo à Exportação de Armas. Há mais de dois anos que está redigido o texto de uma posição comum para o transformar num instrumento juridicamente vinculativo para o território e as empresas da UE. Apesar disso, desde 2005 o Conselho (o conjunto dos governos) ainda não o aprovou e nunca apresentou as razões desta não aprovação.
Há exportações de armas para países onde se vivem situações de conflito, instabilidade ou desrespeito dos direitos humanos e que são por isso considerados "destinos irresponsáveis" nos termos do Código.
Na última sessão, o Parlamento Europeu lamentou o impasse e instou os Estados-Membros a reconsiderarem a sua posição com vista a impedir a exportação irresponsável de armas, tanto das empresas como das forças armadas nacionais.
Participei numa reunião na Alemanha em que Oskar Lafontaine (antigo ministro das finanças da maior economia europeia) defendeu a nacionalização de toda a indústria de armamento. Faz sentido?
Qualquer bom gestor de uma empresa privada é suposto empenhar-se em promover activamente o aumento da procura dos seus produtos, a fim de vender e lucrar o mais possível. É absolutamente normal. Mas quando o produto são armas e explosivos, esta atitude normal transforma-se num tenebroso jogo de influências e lobbies, tendo como pano de fundo que o fim de qualquer conflito significa menos clientes, um clima distendido traz menos vendas e a paz no mundo seria a ruína total. Em Bruxelas, centro de decisão da UE mas também sede da NATO, os lobbies desta indústria fazem ouvir a sua voz. O problema é que há quem os ouça.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário