Publicado em: O Gaiense, 4 de Abril de 2008
Realizou-se esta semana, em Bucareste, uma importante cimeira da NATO. Uma das questões mais quentes é o alargamento: Ucrânia e Geórgia - os casos de maior polémica com a Rússia -, mas também a Croácia e a Albânia, a que alguns querem juntar a Macedónia.
Por toda esta região, depois da queda do bloco soviético, foi patente uma forte vontade dos novos líderes políticos de aderirem à NATO. Hoje, os estudos de opinião registam que, pelo menos entre a população, esse entusiasmo baixou drasticamente. Não só porque sentem menos ameaças à sua soberania, mas também porque as operações da NATO no Afeganistão e dos EUA no Iraque não suscitam grande simpatia.
Discuti o assunto com um (ainda) entusiasmado representante da Macedónia, que explicava que a entrada na NATO era um primeiro passo, como que um atestado de democraticidade, que facilitaria a entrada na União Europeia. Expliquei-lhe que esse argumento, muito comum, era impossível de aceitar por um português.
Contei-lhe a nossa experiência. Somos membros fundadores da NATO, entrámos em 1949, quando Portugal tinha um regime fascista, de partido único e censura, o que não impediu a nossa aceitação na NATO. Pelo contrário, isso seria sempre impeditivo de uma eventual entrada na Comunidade Europeia. Por isso devemos à Europa um respeito democrático que a NATO nunca mereceu.
Considerar que a adesão à NATO é um sinal ou uma consequência da democratização é uma história de embalar que a história de Portugal estrondosamente desmente. O meu interlocutor macedónio não terá ficado totalmente convencido, tal era o seu entusiasmo inicial, mas pelo menos afirmou que ia que rever o assunto.
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