Publicado em: O Gaiense, 15 de Março de 2008
Esta semana, o Parlamento Europeu comoveu-se com um caso especialmente tocante.
Um jovem afegão de 23 anos, estudante de jornalismo e correspondente do jornal Jahan-e Naw (O Novo Mundo), leu um blog que continha um texto sobre os direitos da mulher no Islão. Achou-o interessante, descarregou-o da internet e fê-lo circular entre os seus colegas. No dia 27 de Outubro foi preso. Foi espancado até "confessar" o que tinha feito. No final de Janeiro, sem direito a defesa e sem audição, num tribunal da cidade de Mazar-e-Sharif um colectivo de três juízes considerou que o texto constituía uma blasfémia e decidiu condenar à morte o jovem Sayed Perwiz Kambakhsh. Assim determinaria a Sharia, a lei islâmica.
O Procurador regional Hafizullah Khaliqyar ameaçou de prisão todos os jornalistas que se solidarizassem com o condenado.
Este é apenas um caso entre muitos que afectam particularmente os jornalistas no Afeganistão, sujeitos a todo o tipo de ameaças e violências. Assim vai o regime do presidente Karzaï, um aliado do ocidente na luta contra o terrorismo.
No nosso país todos podemos falar livremente, eu posso publicar este texto n' O Gaiense sem receio de represálias. Mas Portugal apoia o esforço da NATO no Afeganistão, que tem como missão expressa "apoiar as autoridades afegãs a estenderem e exercerem a sua autoridade e a sua influência em todo o país". Não sentimos todos um arrepio quando pensamos o que significa essa autoridade e influência?
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