Haverá solução?


Publicado em: O Gaiense, 23 de Julho de 2011
Os juros da dívida italiana subiram até 6%, gerando o pânico na UE. Lembram-se de o ex-ministro Teixeira dos Santos ter avisado que quando atingíssemos os 7% teríamos de recorrer à ajuda externa? Seguindo essa teoria, a Itália estará a 1% de ter de o fazer. O pânico justifica-se porque a dívida da Itália - 1900 milhões de euros - é a maior da UE, três vezes as da Grécia, Portugal e Irlanda juntas e muito além dos valores disponíveis no Fundo Europeu.
Apesar dos riscos, continua a discutir-se em que medida devem os vários intervenientes contribuir para uma solução. O sector financeiro, sobretudo a banca europeia, que acumulou lucros exorbitantes financiando as dívidas soberanas com taxas especulativas e que agora, num momento de dificuldade, pretende transferir a sua responsabilidade para os Estados e os povos? Os Estados e a UE no seu conjunto, num momento em que as opiniões públicas dos países mais ricos recusam partilhar os riscos e os custos de uma solução? Os povos dos países mais afectados, através de severas políticas de austeridade?
Cada um terá a sua opinião, mas há algo que todos sabem: uma economia asfixiada não consegue pagar dívidas. Como numa família endividada, se nenhum membro tiver emprego ou rendimento, não há juros altos nem baixos que possam ser assumidos, nem austeridade que resulte. A solução estará numa economia dinâmica e equilibrada, ou não haverá solução. Mas essa é uma decisão política, nunca será iniciativa dos mercados ou dos agentes económicos. O drama é, pois, a persistente ausência de uma UE com uma política e um orçamento à altura da situação.

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