A transparência dos milhões


 Publicado em: O Gaiense, 2 de Julho de 2011
O orçamento da União Europeia é extremamente opaco e incompreensível, mesmo para os chamados peritos, e de uma falta de transparência preocupante — estas não são palavras de um grego em fúria, de um qualquer crítico anticapitalista radical ou de um eurocéptico empedernido; foram palavras ditas esta semana pelo homem que está no centro do debate sobre o orçamento europeu, o presidente da Comissão, Durão Barroso. Ora, se é assim para aquele que tem a obrigação e o direito de tudo saber sobre a matéria, imagine-se como será para o cidadão europeu comum.
Acontece que o orçamento é a verdade da política. Fazer discursos com belas intenções é fácil. O verdadeiro teste das opções políticas faz-se na definição do orçamento: os números costumam ser mais verdadeiros do que as palavras. As palavras são grátis, os números são compromissos de investimento que confirmam, ou não, a verdade das prioridades políticas afirmadas nos discursos.
Podemos então concluir, com sabedoria bebida na fonte mais insuspeita, que a política europeia é opaca, incompreensível, de uma falta de transparência preocupante. Confirma-se que a luta pela democracia na Europa tem ainda um longo caminho a percorrer. A batalha do próximo orçamento, que agora vai começar na UE, é uma etapa importante desse caminho.

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